5 aprendizados de um programa de aceleração de startups
É cada vez mais importante que as empresas estejam atualizadas sobre as principais inovações e tendências tecnológicas, seja para que se tornem mais eficientes ou para que possam explorar novos mercados.
Nessa jornada de aprendizado e busca por inovação interna, as companhias têm colocado em prática diferentes iniciativas como eventos de conscientização, ideação, hackathons, apoio a programas de aceleração de startups, participação em centros de inovação e até a constituição de um braço independente de negócios para investimento em startups.
Em 2019, o BNDES realizou a primeira edição do programa BNDES Garagem, um piloto de aceleração de startups que, além de contribuir para o ecossistema de inovação do país, buscou trazer alguns benefícios e aprendizados para o Banco. Entre eles, insumos para a de criação de novos produtos e serviços, transformação cultural, e fortalecimento da marca e do relacionamento institucional.
Com base nessa experiência, o artigo Estimulando o empreendedorismo em empresas – o caso da primeira edição do programa BNDES Garagem traz cinco aprendizados sobre a estruturação de programas de apoio a startups.
1. Definição de objetivos claros, de acordo com a estratégia da empresa
Para o sucesso de um programa de aceleração, é essencial que sejam definidos objetivos claros e alinhados à estratégia da empresa. Esses objetivos podem visar benefícios externos ou internos às corporações. Alguns exemplos de crescimento interno são:
- aprendizagem de novas competências e tecnologias, ampliando o acesso da empresa a novos mercados;
- renovação da cultura da empresa e estímulo ao empreendedorismo interno;
- reforço à estratégia de transformação digital, a partir do acesso a novas tecnologias; e
- fortalecimento da marca da empresa, ao ser compreendida como apoiadora de novos negócios e de inovação.
É possível também buscar melhorias no ambiente externo, como estimular a inovação no entorno de atuação da companhia. Nesse caso, alguns resultados esperados podem ser:
- criação de novas startups ou desenvolvimento de startups já operantes, por meio da conexão com clientes e investidores; e
- conexão entre universidades e empresas, fortalecendo seu capital intelectual e reduzindo a perda de talentos.
2. Estabelecer métodos e métricas de acompanhamento
Tendo como base os objetivos previamente traçados, é importante definir a metodologia e as métricas de acompanhamento da iniciativa. Um método sugerido é o Objectives & Key Results (OKR), ferramenta utilizada para facilitar o alinhamento e o engajamento em torno de objetivos prioritários.
O acompanhamento pode ser baseado em diversas métricas, como, por exemplo, o número de funcionários da empresa que participaram do programa, a quantidade de novas práticas de trabalho adotadas, ou o número de startups que realizaram captações ou obtiveram intenções firmes assinadas com investidores.
3. Criação de plano de comunicação
Os planos de comunicação devem ser adequados às diferentes etapas do projeto. Na fase de planejamento, a iniciativa deve ser divulgada internamente para conscientizar os funcionários dos ganhos esperados e motivá-los a participar do programa. Para o sucesso da comunicação, é recomendável utilizar diferentes canais e ajustar a linguagem aos diversos perfis de público.
Já na etapa de execução, a comunicação deve ser pensada a partir de mensagens-chave e porta-vozes da empresa, assim como de uma estratégia de divulgação da chamada de startups. Dependendo dos objetivos do programa, pode envolver também a realização de road shows em locais estratégicos para o ecossistema.
4. Seleção de gestores de aceleração e startups
Se a empresa optar pela contratação de uma aceleradora externa para gerenciar o programa, é recomendável fazer primeiro uma chamada para escolha dessa aceleradora, e em seguida, uma chamada para seleção das startups. A elaboração de um edital bem detalhado em relação às atribuições e responsabilidades de cada parte, geralmente, ajuda a atrair mais concorrentes e diminui as chances de contestação. Mesmo que não haja restrição à contratação direta, as chamadas públicas dão visibilidade e credibilidade ao processo, contribuindo para a atração de parceiros e participantes.
Nos editais para seleção da aceleradora e das startups, é importante descrever as condições básicas do programa (prazo, atividades previstas e vedações), os segmentos prioritários de apoio e o público-alvo de startups, os serviços oferecidos e os benefícios para os participantes e os critérios de seleção e avaliação do programa, entre outros aspectos.
5. Definição da equipe e da estrutura física
Um dos critérios de seleção das startups participantes da iniciativa costuma ser a complementariedade dos perfis dos sócios-fundadores. Da mesma forma, a equipe da empresa envolvida na gestão do programa também deve ser composta por indivíduos de perfil complementar, de maneira a estimular a diversidade de opiniões.
As necessidades de espaço físico do programa dependem do tamanho e do formato escolhidos. Há a possibilidade de que a iniciativa aconteça de forma remota, com poucos encontros presenciais. No entanto, um programa realizado de forma presencial – em um espaço de coworking ou na própria empresa – aumenta o contato entre as startups e estimula o senso de pertencimento e de comunidade entre os participantes, além de ampliar a exposição da marca patrocinadora.
A partir desses cinco aprendizados, é possível construir um programa de aceleração que trará ganhos para as startups participantes e para a cultura das empresas envolvidas. O apoio dado aos novos empreendimentos fortalece a imagem da empresa patrocinadora perante a sociedade e entre as iniciativas apoiadas, trazendo mais clientes e parceiros para os negócios da companhia.
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