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Checagem de fatos, confrontamento de histórias com dados, pesquisas e registros.
Desde o último dia 2 de julho, quando houve depoimento secreto do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci à Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara sobre o BNDES, passaram a circular na internet uma série de vídeos e textos que vinculam o Banco a um suposto mau uso de R$ 500 bilhões.
Tendo em vista o caráter reservado do depoimento, o BNDES não tem como aferir exatamente o que disse o ex-ministro, mas pode afirmar com certeza que é falsa a informação que circula na rede segundo a qual o BNDES teria enviado esses R$ 500 bilhões a países e ditaduras amigas.
A informação é errada por várias razões. Primeiramente porque o BNDES não envia recursos a países. O Banco realiza, desde 1998, financiamento a exportações de bens e serviços realizados por empresas brasileiras. Isso significa que são elas, as empresas brasileiras, que recebem os recursos desembolsados pelo BNDES, aqui no Brasil, em reais, nessas operações. O país ou a empresa estrangeira que importa esses bens ou serviços ofertados pelas empresas brasileiras assumem a dívida, realizando os pagamentos ao BNDES.
Nos mais de vinte anos em que realiza esse tipo de operação (1998 a 2018), o BNDES desembolsou US$ 39 bilhões para financiar exportações, o que corresponde a aproximadamente R$ 92 bilhões. Isso significa R$ 4,4 bilhões, em média, a cada ano. No mesmo período, os desembolsos totais do BNDES somaram nada menos que R$ 1,792 trilhão, uma média de R$ 85 bilhões por ano. Em resumo: os recursos destinados pelo BNDES ao financiamento de exportações desde que realiza esse tipo de operação correspondem a menos de 5% do total que o Banco desembolsou no mesmo período. Os valores de fato desembolsados pelo BNDES para exportações em 21 anos são muito inferiores ao valor anunciado no boato: correspondem a menos de 20% dos tais R$ 500 bilhões.
Outro ponto importante: os países importadores desses bens e serviços (são mais de 40, no total) possuem as mais variadas características. São países de diferentes tamanhos, de variados continentes e de orientações políticas as mais diversas. O maior importador de bens e serviços brasileiros financiados pelo BNDES são os Estados Unidos (US$ 17,8 bilhões). Em seguida, vêm Argentina (US$ 3,5 bilhões), Angola (US$ 3,4 bilhões), Venezuela (US$ 2,2 bilhões) e Holanda (US$ 1,4 bilhão). Você pode baixar um excel com todos esses dados aqui.