Produção de petróleo terrestre no Brasil
Uma análise em 5 gráficos
1. A produção de petróleo em terra no Brasil remonta à década de 1940, quando houve a descoberta do primeiro campo comercial na bacia do Recôncavo, no município de Candeias (BA). A produção terrestre predominou no país até o ano de 1981. A partir de então, sua participação relativa na produção total passou a ser menor do que a marítima, mas somente a partir de 2003 o volume absoluto da produção terrestre passou a ser declinante.
Clique nos gráficos para ampliar.
2. Depois da quebra do monopólio do petróleo no fim dos anos 1990, as grandes operadoras estrangeiras, assim como a Petrobras, concentraram seus esforços de investimentos exploratórios e de produção nos megacampos em águas ultraprofundas, sobretudo, recentemente, no pré-sal.
3. Atualmente, as bacias do Recôncavo, Potiguar, Sergipe, Solimões, Espírito Santo e Alagoas respondem por mais de 99% da produção terrestre no Brasil. A queda da produção nos campos terrestres não provém do declínio de uma bacia específica, mas de todas, como pode ser observado no gráfico.
4. A continuidade da exploração de petróleo terrestre no Brasil surge como oportunidade para operadores de pequeno e médio porte, dada a existência de muitos campos maduros e de acumulações marginais. O pleno aproveitamento comercial desses campos depende dos métodos de recuperação secundária e terciária*.
5. A produção de petróleo em campos terrestres é realizada majoritariamente no interior do Nordeste brasileiro, e muitos municípios produtores (12,7%) são classificados na categoria de baixo desenvolvimento humano. Em localidades assim, o aumento na produção e o aumento no preço do petróleo impactam significativamente as receitas municipais, com potencial para aumentar o PIB per capita e, com boa aplicação dos recursos, melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)**.
Este texto é baseado no artigo Produção de petróleo terrestre no Brasil, dos autores André Pompeo do Amaral Mendes, Cássio Adriano Nunes Teixeira, Marco Aurélio Ramalho Rocio e Haroldo Fialho Prates, publicado no BNDES Setorial 49.
* A recuperação secundária busca favorecer a produção do petróleo por meio da repressurização do reservatório com a injeção apropriada de outro fluido, no caso, água ou gás. A terciária, além da utilização da injeção de outro fluido, emprega agentes (químicos, térmicos, miscíveis ou microbiológicos) para alterar as propriedades do petróleo que se busca extrair, bem como para alterar sua interação com a rocha, reduzindo a resistência de seu fluxo no meio poroso.
** O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é uma medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano.
Conteúdos relacionados
Gás natural: uma alternativa para o transporte brasileiro
O pré-sal e o potencial do setor de P&G para a ampliação da capacidade industrial brasileira
Perspectivas para o setor de refino de petróleo no Brasil