Os biocombustíveis e a transição para o setor de transportes de baixo carbono
Em novembro de 2015, quase duzentos países aprovaram o chamado Acordo de Paris, um marco internacional que busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera em quantidade suficiente para manter o aquecimento global abaixo de 2 oC. Em razão da magnitude desse desafio, será necessário desenvolver alternativas de energia renovável também para o setor de transportes que, embora muitas vezes negligenciado nas discussões internacionais sobre a mudança climática, representa quase um quarto das emissões globais de CO2.
O Acordo de Paris é o reconhecimento da urgência da transição para uma economia global de baixo carbono. Por outro lado, o setor de transportes carece do devido foco por governos e organismos internacionais.
Artigo publicado recentemente no BNDES Setorial argumenta que os biocombustíveis avançados – etanol de 1ª geração (E1G) de cana-de-açúcar e o etanol celulósico ou de 2ª geração (E2G) – são a solução mais rápida e compatível com o tamanho do desafio. Além disso, o E2G, produzido a partir de resíduos, desconstrói a equivocada dicotomia “alimentos versus biocombustíveis”.
Contudo, a superação de alguns obstáculos depende de um esforço de cooperação global. Os biocombustíveis avançados, em especial o E2G, encontram-se no estágio de escalonamento produtivo, típico de tecnologias em evolução. Apesar de já terem atingido escala industrial com instalações pioneiras, esses biocombustíveis ainda exigem soluções para o aumento exponencial da produção. Neste contexto, é fundamental o estabelecimento de ambiente institucional, em nível doméstico e internacional, que contribua para a superação dessa etapa.
Por essa razão, o Brasil, sob a liderança do Itamaraty, logrou a criação da Plataforma para o Biofuturo, aliança internacional de vinte países que busca promover o desenvolvimento dos biocombustíveis avançados.
Esse é um resumo do artigo O Acordo de Paris e a transição para o setor de transportes de baixo carbono: o papel da Plataforma para o Biofuturo, de autoria de Artur Yabe Milanez, Rafael Vizeu Mancuso, Renato Domith Godinho e Marcelo Khaled Poppe, publicado no BNDES Setorial 45.