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Blog do Desenvolvimento

Inovação é prioridade na agenda dos bancos de desenvolvimento

A inovação pode ser entendida como a introdução bem-sucedida no mercado de produtos, serviços, processos, métodos e sistemas que não existiam anteriormente ou que têm alguma característica nova e diferente daquelas em vigor. Segundo o Banco Mundial (2010), inovações fornecem meios para o incremento da produção ou do bem-estar a partir de um conjunto limitado de recursos, o que faz com que sejam o principal motor do desenvolvimento econômico.

 

Do ponto de vista dos governos, a inovação é uma ferramenta para promover o desenvolvimento sustentável e lidar com os principais desafios globais, com destaque atualmente para a questão das mudanças climáticas. Estudo publicado pela Unctad (GRIFFITH-JONES, 2022) aponta que, em uma sociedade baseada na acumulação de conhecimento, os governos têm um papel relevante na promoção de inovações que possam resultar em ganhos de produtividade. Para isso, além de contar com sistemas de educação, pesquisa e proteção aos direitos de propriedade intelectual, eles podem lançar mão de bancos de desenvolvimento (BD) para o financiamento de longo prazo e a adoção de incentivos específicos para a inovação.

 

 Os BDs têm algumas vantagens comparativas para financiar inovação:

  • Capacidade de mobilizar recursos por meio dos mercados de capitais, evitando restrições fiscais que impactam os governos.
  • Estrutura de financiamento capaz de apoiar investimentos de longo prazo e orientados ao desenvolvimento, evitando o curto prazo dos ciclos políticos.
  • Maior tolerância ao risco, o que é essencial para o financiamento de inovações ligadas à fronteira tecnológica, que envolvem elevado grau de incerteza.

 

Experiências internacionais de apoio à inovação

 

Na prática, diversos BDs já são utilizados por seus países como instrumentos de apoio à inovação, não só para o financiamento de empresas e projetos inovadores, mas também na definição, em conjunto com os governos, dos objetivos e metas das políticas industriais e de inovação (CARRERAS et al., 2022).  

Na Alemanha, o KfW, maior banco de desenvolvimento europeu, tem o apoio a inovação e a digitalização como um de seus quatro focos de atuação, utilizando fundos de venture capital e instrumentos de crédito para apoiar projetos e empresas inovadores. Na visão da instituição, micro, pequenas e médias empresas (MPME) que combinam esforços de digitalização e inovação são mais propensas a investir na criação de conhecimento novo para o negócio.

 

O banco francês BPIFrance, por sua vez, tem atuado na implementação do plano de investimentos do país (Le plan d’investissement France 2030), que busca promover a reindustrialização e transformar de maneira sustentável setores-chave da economia por meio da inovação tecnológica. Em 2019, o governo francês lançou o Deeptech, um programa operado pelo BPIFrance voltado a startups tecnológicas baseadas em áreas como computação quântica, robótica, ciências da vida e semicondutores. Como resultado, apenas em 2021, o país criou 250 startups de alta tecnologia.

 

Maior BD do mundo, o China Development Bank (CDB) destaca-se por sua participação ativa no desenho da estratégia nacional de inovação chinesa, servindo de campo de testes para políticas de inovação e criando um efeito demonstração para os bancos comerciais. O CDB atua principalmente por meio de crédito, mas também com investimentos em venture capital e concessão de garantias. No caso de MPMEs de ciência e tecnologia, o banco recorre a plataformas locais como incubadoras tecnológicas, centros de promoção de produtividade, parques tecnológicos e agências de investimento e garantidoras.

 

Na América Latina, o banco chileno Corporación de Fomento de la Producción (CORFO) tem papel formal no sistema nacional de promoção de P&D, desenvolvimento tecnológico e inovação empresarial do país. Por meio do Programa Transforma, o CORFO vem atuando para transformar a estrutura econômica chilena com estratégias específicas para sete setores, seguindo a lógica de políticas orientadas a missões. Entre eles, estão o desenvolvimento da indústria de energia solar e a transformação do setor de mineração do país, no quais o CORFO não apenas financia como participa da concepção e implementação das iniciativas (SAPORITO et al., 2021).  

 

Apoio à inovação no Brasil conta com o BNDES

 

Como seus pares internacionais, o BNDES tem longo histórico de financiamento à inovação no Brasil, utilizando instrumentos como linhas de crédito, apoio via fundos de investimento, participação acionária direta e seu próprio programa de aceleração para startups.

 

Recentemente, como parte da revisão de seu planejamento estratégico, o BNDES voltou a incluir a inovação em um de seus sete temas estratégicos de negócio. O Banco vem destacando a importância de promover a neoindustrialização do país, em linha com as políticas definidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). A política para a neoindustrialização está sendo estruturada ao redor das grandes missões que o país precisa enfrentar, como a descarbonização, a transformação digital da indústria e o fortalecimento de cadeias estratégicas – do complexo da saúde, de defesa e de fertilizantes, além de bioeconomia e química verde.  

 

Em maio, o BNDES anunciou que contará com R$ 20 bilhões em recursos, nos próximos quatro anos, para o financiamento de projetos de inovação com custo em Taxa Referencial (TR), a serem complementados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) com igual valor. Nesse contexto, as duas instituições estão reforçando sua parceria para melhorar a eficiência das ações de fomento e de apoio financeiro à inovação.

 

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