Gás natural: o potencial de consumo da indústria brasileira
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Após o lançamento do relatório Gás para o Desenvolvimento, em maio de 2020, com informações sobre a realidade e o potencial do mercado de gás natural brasileiro, o BNDES lança um novo relatório, com foco nas perspectivas de oferta e demanda de gás natural no país. Elaborado a partir de uma pesquisa ampla com o mercado, a publicação abrange três setores estratégicos para ampliar o consumo de gás no Brasil: a geração de energia elétrica, o setor veicular e a indústria.
No novo episódio do podcast Diálogos BNDES, entrevistamos Flavio Mota, chefe do Departamento de Indústrias de Base do BNDES, sobre o potencial da demanda industrial brasileira por gás natural.
Conversamos também com Fátima Giovanna Ferreira, Diretora de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) e com dois representantes da indústria do aço: José Carlos D’Abreu, conselheiro da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) e professor emérito da PUC-Rio e do IME, e Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil.
Segundo Flavio Mota, a característica contínua da produção industrial resulta em uma demanda firme e inflexível que é fundamental para o desenvolvimento de um novo mercado de gás, “aberto, competitivo, dinâmico”. Nesse contexto, o gás pode ser utilizado como insumo na geração de energia e como matéria-prima.
Ao todo, 33 grupos industriais participaram do mapeamento realizado entre outubro e novembro de 2020. Flavio ressaltou ainda o interesse “desses grandes grupos industriais de atuarem como consumidores livres de gás e também a disposição para negociar contrato de fornecimento de longo prazo”.
A indústria química – com destaque para a produção de fertilizantes nitrogenados – e a siderurgia são dois destaques em termos de potencial crescimento de demanda pelo gás natural.
De acordo com Fátima Giovanna, seria possível “triplicar, quadruplicar a demanda por gás natural na área de fertilizantes nitrogenados desde que a gente tenha oferta competitiva e segura, que possa atender a um consumo firme e por um longo período de tempo”.
No caso da siderurgia, além do uso mais imediato do gás como combustível auxiliar nos altos-fornos, há grande potencial em seu uso no processo de redução direta, isto é, produção de DRI/HBI.
Segundo Flavio Mota, de acordo com as estimativas de estudo realizado pelo BNDES, a adoção desse processo poderia representar uma redução de 33% de emissões de gases do efeito estufa na produção da mesma quantidade de aço via processo convencional.
Em nossa conversa, o professor José Carlos D’Abreu ressaltou que os benefícios da utilização do gás natural na siderurgia vão além da relevante inserção do setor na economia do baixo carbono: o gás natural pode ter ainda papel de “insumo básico e alavancador para a exportação de ferro primário na forma de DRI/HBI, material de valor agregado superior ao do minério de ferro”.
Também há outros benefícios associados à oferta de gás natural a preços competitivos no caso da indústria química: “Nós temos uma agricultura extremamente competitiva, mas temos uma vulnerabilidade no início da cadeia de alimentos, que é a enorme dependência, a quase total dependência, por fertilizante importado. Então, na nossa visão, se nós aproveitarmos esse momento e atrairmos fábricas, a gente teria o potencial aí para pelo menos 4 plantas de escala mundial de amônia e ureia”, nos explicou Fátima Giovanna. Segundo a diretora da Abiquim, com isso teríamos a possibilidade de agregar valor a uma matéria-prima abundante no país e atrair grandes aportes de investimentos.
Nossos entrevistados mencionaram ainda a importância da Nova Lei do Gás, em análise no Congresso, para a viabilização de preços competitivos. Segundo Marco Polo de Mello Lopes “é fundamental que a Câmara dos Deputados aprove o projeto que vem sendo discutido há quase uma década que estabelece o novo marco legal do gás natural”.
Relatório Gás para o desenvolvimento – Perspectivas de oferta e demanda no mercado de gás natural do Brasil
Resultado de um amplo mapeamento realizado pela equipe técnica do Banco ao longo de 2020, seu objetivo é prover gestores públicos e agentes de mercado com informações sobre o potencial do segmento, sua infraestrutura e sobre fatores que influenciam decisões de investimento no setor.
Saiba mais aqui
2ª Semana Gás para o Desenvolvimento
A semana de eventos relacionada ao tema contou com o lançamento da publicação Gás para o desenvolvimento – Perspectivas de oferta e demanda no mercado de gás natural do Brasil e este novo capítulo do podcast Diálogos BNDES. Encerrando a semana, na quinta-feira, 25, será realizado o webinar Gás para o Desenvolvimento, com participação de representantes e técnicos do BNDES, do Governo Federal e de entidades privadas ligadas ao setor.
Acesse aqui a programação
Nossos entrevistados
Flavio Mota, chefe do Departamento de Indústrias de Base do BNDES
Fátima Giovanna, diretora de Economia e Estatística da Abiquim
José Carlos D'Abreu, conselheiro da ABM e professor emérito da PUC-Rio e do IME
Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil
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