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Como o Brasil pode liderar a transição energética?

Historicamente, o aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE) pode ser relacionado ao processo de industrialização e ao aumento do PIB per capita nas economias desenvolvidas. Principalmente a partir da metade do século XIX, observou-se um crescimento contínuo das emissões de gás carbônico e de metano, o que se refletiu também em um aumento sem precedentes da temperatura do planeta. De acordo com relatório do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC), nos últimos cinquenta anos (1970-2020), o aumento da temperatura terrestre foi mais rápido do que em qualquer outro período dos últimos 2 mil anos. 

 

Diante dos impactos das mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global, diversos países estão engajados na busca de soluções para uma redução rápida e de grande escala de suas emissões de GEE, limitando o aumento da temperatura a 1,5º C em relação aos níveis pré-industriais, como previsto no Acordo de Paris. Tendo em vista o papel dos combustíveis fósseis nas principais economias do mundo, isso passa por um processo de transição energética baseado na descarbonização, que deve ocorrer sem penalizar os países mais pobres e as populações mais vulneráveis.

 

O perfil de emissões do Brasil e as oportunidades do setor de energia

 

O Brasil atualmente é quinto maior emissor mundial de GEE, precedido por China, EUA, Índia e Rússia. Seu padrão de emissões, no entanto, difere significativamente da média global. Enquanto as emissões brasileiras decorrem principalmente de mudanças no uso da terra e desmatamento (50%) e da agropecuária (24%), na média dos países do G20 cerca de 70% das emissões estão relacionadas ao setor de energia.

 

A matriz energética brasileira é mais renovável que a das maiores economias mundiais, o que representa uma vantagem comparativa no contexto da transição energética. Em especial em sua matriz elétrica, o país se destaca com mais de 80% da geração oriunda de fontes renováveis contra 29% na média dos demais países do G20 (Climate Transparency, 2022).

 

Essas características colocam o Brasil em posição de ser uma liderança no processo de transição energética, podendo se destacar no mercado de hidrogênio de baixo carbono, na substituição de combustíveis fósseis por biomassa e biocombustíveis, na eletrificação e na captura e armazenamento de carbono, entre outras frentes.

 

No caso do hidrogênio de baixo carbono, especialmente, a matriz energética brasileira garante uma posição privilegiada, viabilizando a produção competitiva a partir de diversas fontes, como eólica ou solar (hidrogênio verde) e gás natural (hidrogênio azul e o chamado hidrogênio turquesa). O desenvolvimento desse mercado pode contribuir ainda para a atração de investimentos para cadeias produtivas estratégicas, a exemplo de fertilizantes, siderurgia e química verdes. O powershoring representa essa tendência de deslocamento da produção industrial para países e centros de geração que contam com energia renovável abundante e barata.

 

 

Como o BNDES contribui para impulsionar a transição?

 

O BNDES se destaca atualmente como o maior financiador de energias renováveis do mundo, com créditos que somam cerca de US$ 35 bilhões no período de 2004 a 2022 (BNEF, 2023). Desde o ano 2000, o Banco financiou cerca de 70% do aumento de capacidade de geração do país, correspondentes a 78,8 GW adicionais, dos quais 86% de fontes renováveis. Com participação relevante no setor desde o início do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), apoiando a estruturação das garantias e dos financiamentos aos projetos, o BNDES possibilitou uma expansão significativa da geração eólica e solar no país. O crescimento do mercado livre de energia – em que grandes consumidores contratam diretamente com geradoras – também contou o apoio do Banco, que desenvolveu metodologia própria para garantir a financiabilidade dos projetos.

 

Nesse contexto, a atuação do Banco vem contribuindo diretamente para a expansão das energias renováveis e a redução das emissões no setor elétrico, além de favorecer a atração de investimentos internacionais por meio da emissão de títulos verdes. Diante da urgência da agenda do clima, que passou a ser tratada como tema transversal na atuação do BNDES, a instituição pode atuar como uma “plataforma verde” para captação de recursos – locais e internacionais – destinados a projetos de descarbonização, neoindustrialização, combate ao desmatamento e infraestrutura sustentável.

 

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