Aviso: Utilizamos dados pessoais, cookies e tecnologias semelhantes de acordo com nossos Termos de Uso e Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.

BNDES - Agência de Notícias

Wed Oct 16 14:06:00 CEST 2024 Wed Oct 16 14:06:00 CEST 2024

Por: Agência BNDES de Notícias

Publicação:17:52 22/07/2024 |INSTITUCIONAL

Ultima atualização: 22:09 22/07/2024

Rossana Fraga / Divulgação BNDES

Paralelo ao G20, evento no BNDES debate economia verde, crise climática e segurança alimentar

  • Evento "State of the Future" segue até sexta, 26, na sede do BNDES no Rio

 

Começou nesta segunda-feira, dia 22, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio, o States of the Future, evento paralelo ao G20 e organizado em parceria com os Ministérios da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), das Relações Exteriores (MRE) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O objetivo é discutir um modelo de Estado para desenvolvimento sustentável e socialmente justo, e o evento vai até sexta-feira, 26.

Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, abriu o evento agradecendo a presença das autoridades. Entre elas, Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil e presidente do Novo Banco de Desenvolvimento; Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, ex-Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos; Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial; e Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

Gigantesco desafio - Em seguida, Mercadante traçou um panorama sobre a economia global: “Quero destacar alguns pontos neste seminário. Primeiro, o Estado para construir um novo futuro não pode ser estado ruim. O Consenso de Washington trouxe sequelas muito severas para a América Latina e para o Brasil. Não é mais consenso nem em Washington, nem em Chicago. A Prefeitura de Chicago tem feito uma série de estímulos para atrair investimentos, subsídios, rompendo com a ideia de que o mercado, por si só, organiza a sociedade e não precisa da participação e regulação de políticas públicas, de indução ao desenvolvimento.  Então, esse estado necessário, com ações estratégicas, que impulsionem e mobilizem as instituições para atingir missões relevantes e decisivas, tem, diante de si, um gigantesco desafio neste momento da história da humanidade”, afirmou.

De acordo com o presidente do BNDES, o mundo vive estado de calamidade no campo ambiental: “O primeiro desafio não é emergência climática, é calamidade climática. Estamos vivendo um quadro de calamidade, aqui no BNDES ela está diretamente presente, recorrentemente, de forma cada vez mais intensa e frequente. Para dar um exemplo, vou falar do Rio Grande do Sul, onde fomos socorrer uma seca, onde perdemos R$ 28 milhões da safra agrícola, em seguida voltamos para uma enchente e tivemos uma tragédia sem precedentes. Estamos com 95 municípios em estado de calamidade, tivemos que fazer um stand still (renegociação emergencial) para todas as empresas que tinham financiamento junto ao BNDES, não é um volume pequeno”.

Ele destacou o esforço gigantesco, de mais de U$ 4 bilhões, de financiamento do Banco para reconstruir a economia local, “uma demanda de crédito fortíssima, que estamos buscando atender da melhor forma e maior rapidez possível.” Segundo ele, o Estado precisa definir políticas para urgência, para emergência climática e para reconstrução com resiliência e adaptação. “Urgência, no Brasil, presidenta Dilma, é o Cemaden [Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais], criado no seu governo, que hoje faz alertas, usa radar, mobiliza a Defesa Civil, e a nossa proposta recente é que a gente comece a formar os estudantes do Ensino Médio para se prepararem para os alertas que serão mais frequentes nas regiões e municípios mais expostos à crise climática”, disse.

4


Descarbonização da Economia -
“O segundo grande desafio perpassa todo o BNDES, que é o programa de descarbonização da Economia, que é reduzir o número de emissões. Temos um programa, toda a nossa política industrial é verde, temos um conjunto de medidas para a descarbonização da indústria, a gente não concede empréstimo para nenhuma empresa agrícola ou proprietário de terra que tenha desmatado, usamos imagens de satélite. Estamos impulsionando muito mais que isso, a bioeconomia para fazer insumos biológico para gerar valor agregado na agricultura descarbonizada, que é um desafio fundamental. Do uso da terra no Brasil, 27% das emissões do Brasil, 49% é o desmatamento e, nos governos do presidente Lula e da presidente Dilma, tivemos a menor taxa de desmatamento da história do Brasil, reduzimos em 50% o desmatamento na Amazônia”.

Economia Verde - “Um outro grande desafio é criar novos elementos capazes de impulsionar essa economia verde. Estamos alinhando o balanço do BNDES às metas Paris+10 da COP30. Tudo o que está acima desse aquecimento previsto pela ciência internacional, estamos olhando com muito rigor para estimular aquilo que descarboniza e reduz as emissões para termos um balanço verde, que é o balanço de um banco do futuro.

Para isso, amanhã a Tereza Campello (Diretora Socioambiental do BNDES) vai apresentar o Arco da Restauração da Amazônia, estamos fazendo um esforço gigantesco para blindar a floresta, para refazer a cobertura florestal, com espécies nativas, que é uma forma de sequestrar carbono em grande escala. Por enquanto o BNDES está sozinho, mas precisamos de mais apoio, recursos, para levarmos adiante esse projeto de grande envergadura”.

“Também estamos fazendo a Coalizão Verde, com 20 bancos públicos na Amazônia, até o ano que vem vamos apresentar uma série de novas medidas para atender às 29 milhões de pessoas no Brasil, quase 48 milhões de pessoas que vivem na Amazônia, nos 9 países da região. Estamos, inclusive, financiando a Polícia Federal nas operações para combater o narcotráfico, o crime organizado, que está por trás de toda depredação da região e vamos estender isso a todos os países da Amazônia”.

Mercado de Carbono - Outro desafio apontado por Mercadante no protagonismo da Amazônia é a regulação do mercado de carbono. “Temos visto algumas propostas, como as florestas nativas não vão ter um valor relevante nesse mercado. Como a Amazônia, com 25% da cobertura florestal do planeta, não vai ter um papel relevante? Precisamos deixar um pouco a disputa comercial e pensar o planeta de uma maneira mais generosa, para viabilizar inciativas como essas que estamos buscando impulsionar ao longo dos últimos anos, como o Arco da Restauração, Floresta Viva, estamos atuando em todos os biomas do país”.

“Precisamos, também, de novos instrumentos, temos o Fundo Amazônia, queria agradecer todo o apoio internacional que temos recebido. O Fundo Amazônia é fundamental, tem batido todos os recordes de desembolsos nesse ano, voltamos a receber aportes. Temos o Fundo Clima, que são R$ 10,5 bilhões e a Fazenda emitiu o bônus sustentável, e já temos uma demanda de crédito que é três vezes o valor do Fundo Clima. É descarbonização na veia, uma taxa de juros diferenciada para permitir iniciativas inovadoras”.

2


Segurança alimentar -
O protagonismo do Brasil, no cenário da segurança alimentar, foi outro tema abordado pelo presidente do BNDES:  “O Brasil tem um papel decisivo nesse novo cenário. Primeiro, a segurança alimentar do planeta. Somos o segundo país que mais exporta alimentos no mundo, primeiro produtor mundial de carne, de soja, de suco de laranja  segundo de frango, terceiro de carne suína. O Brasil tem um papel muito relevante no abastecimento alimentar, especialmente nos extremos climáticos, temos uma matriz energética limpa, renovável e isso se deve muito aos servidores dessa casa, que olharam muito além do seu tempo, porque o banco público é um capital paciente e tem uma visão estratégica de Brasil. Toda mudança da matriz hidro elétrica e, depois, solar eólica foi impulsionada por esse banco. Temos hoje 89% da matriz energética renovável e 49% da matriz de transporte de energia renovável, e isso é uma vantagem competitiva, hidrogênio verde, os data centers, essa nova fronteira de inovação tecnológica e para descarbonização do planeta, que vai ter mais valor agregado”.

Confira aqui a programação completa do evento.

3Créditos: Rossana Fraga / Divulgação BNDES