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Por: Agência BNDES de Notícias

Publicação:17:06 05/04/2019 |INOVAÇÃO |MERCADO DE CAPITAIS

Ultima atualização: 18:17 05/04/2019

Fotos: André Telles/Divulgação BNDES

Startups contam com novo fundo de investimento-anjo, com aporte inicial de R$ 60 mi

● Sob gestão da Domo Invest, FIP Anjo é 1º fundo com participação do banco em parceria com investidores-anjo para apoiar startups com faturamento inferior a R$ 1 milhão

● Patrimônio comprometido do fundo poderá chegar a R$ 120 milhões

● Com aplicação inicial de R$ 40 milhões, BNDES fará aportes escalonados até o limite aprovado de R$ 60 mi, à medida que a gestora consiga captar mais recursos

 

Empresas inovadoras com faturamento abaixo de R$ 1 milhão contam com um novo fundo de investimentos em participações, o FIP Anjo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou aplicação de até R$ 60 milhões em cotas do fundo, voltado a startups com alto potencial de crescimento.

“O FIP Anjo foi uma iniciativa do BNDES, que lançou chamada pública, na qual a Domo Invest foi selecionada para gerir o fundo, em razão de sua experiência com startups”, explica a administradora Bianca Proença, da Área de Investimentos, Empreendedorismo e Garantias do banco de fomento.

 

FOTO ANDRE TELLES 5311 BNDES CONTRATO DOMO 04 ABR 2019

Bianca Proença com Rodrigo Borges e Mário Letelier, sócios da gestora Domo Invest



Os recursos totais do fundo poderão a chegar a R$ 120 milhões, dependendo da capacidade de captação da gestora. O foco preferencial do investimento são companhias que atuem nos setores de agronegócios, biotecnologia, cidades inteligentes, economia criativa, saúde, cidades inteligentes e tecnologia da informação e comunicação (TIC).

O FIP Anjo é o primeiro fundo com recursos do BNDES que possibilita investimento em empresas com faturamento anual inferior a R$ 1 milhão e constituídas como sociedades limitadas, o que se tornou possível a partir da publicação da Instrução CVM nº 578/16 — até então, esse tipo de investimento estava restrito a sociedades anônimas.

A iniciativa tem como objetivos fomentar o investimento-anjo no país, apoiar startups inovadoras com tecnologias disruptivas, reduzir a escassez de recursos para essas empresas nascentes com alto potencial de crescimento, atrair investidores ao mercado de capitais voltado a essas empresas e estimular o ecossistema de inovação nacional.

O fundo procura suprir uma lacuna de mercado, ao prover recursos na fase de investimento-anjo e no momento seguinte, quando a startup precisa de uma nova rodada de capitalização, antes de ter atingido um porte para atrair o interesse de outros fundos de Venture Capital.

A Domo será responsável pelo mapeamento e seleção das empresas, articulação com aceleradoras e investidores-anjo e pela captação de outros investidores. O FIP Anjo contará inicialmente com patrimônio de R$ 60 milhões, sendo R$ 40 milhões do BNDES e o restante aplicado pela gestora e outros investidores.

Caso os recursos captados pela Domo atinjam R$ 30 milhões, o BNDES aplicará R$ 50 milhões. Se a gestora conseguir R$ 40 milhões ou mais, o aporte total do Banco poderá chegar a R$ 60 milhões.

Previsto para durar 10 anos, o fundo terá período de investimento de cinco anos, que poderá ser prorrogado por dois anos. Startups com interesse em apresentar seus projetos podem se cadastrar no site da gestora.

Etapas – Na primeira fase de investimentos, o fundo aportará pelo menos R$ 25 milhões em empresas nascentes (com faturamento inferior a R$ 1 milhão). A expectativa é que nessa etapa o FIP Anjo invista em cerca de 100 startups, aportando entre R$ 100 mil e R$ 500 mil em cada uma.

O valor aportado será igual ao captado de investidores-anjo ou aceleradora e esses outros apoiadores também deverão atuar como mentores dos empreendedores, estimulando melhores práticas de governança e gestão. Com isso, o fundo alavanca os recursos aplicados em cada startup, amplia a base de investidores-anjo e difunde uma cultura de empreendedorismo.

Na segunda fase de investimentos, serão feitos aportes de até R$ 5 milhões em empresas com receita bruta entre R$ 1 milhão e R$ 16 milhões. Embora os recursos possam ser aplicados em novas empresas, serão priorizados os empreendedores contemplados na primeira fase que estejam apresentando crescimento acelerado.

Ciclos de investimento – A falta de recursos para investimento é um dos principais desafios das empresas, sobretudo das startups, que não contam com histórico de atuação nem ativos para servir de garantias para financiamentos. É comum que em um primeiro momento, os empreendedores contem com o apoio financeiro de amigos e familiares.

Caso sobrevivam a esse estágio inicial e apresentem um protótipo de produto ou negócio, além de boa perspectiva de crescimento, podem gerar interesse em investidores-anjo, que aplicam recursos próprios maiores em troca da participação nos negócios. Esses investidores geralmente atuam como mentores, contribuindo com a gestão do negócio e auxiliando na estratégia de crescimento da empresa.

Apenas após esse estágio, já com uma estrutura mais robusta e produto já testado no mercado, passam a atrair interesses de fundos de Venture Capital de maior porte, que investem recursos mais substanciais em empresas de pequeno porte.

Histórico – O BNDES apoia desde 1995 programas para estruturação de fundos de capital de risco, tendo apoiado, por meio deles, mais de 350 empresas. Por meio da subsidiária BNDES Participações S.A. (BNDESPAR), tem atuado em diversos elos da cadeia de investimento, com destaque para fundos de empresas de diferentes portes: nascentes (seed capital), emergentes (venture capital) e de maior porte (private equity).

Atualmente o capital comprometido da BNDESPAR em fundos de investimentos em participações soma R$ 3,5 bilhões e está distribuído em 43 fundos.

Ambiente – Estudo encomendado pelo BNDES em 2018 indica que os investimentos em Venture Capital ainda têm uma participação reduzida no total de ativos sob gestão da indústria nacional de fundos de investimento e que o Brasil vem utilizando pouco esse tipo de instrumento para estimular a inovação, especialmente se comparado com países como EUA, China e Israel.

De acordo com pesquisa apresentada pela Associação Anjos do Brasil, em 2017 a quantidade de investidores-anjo no país chegou a 7.600, aumento de 16% em relação a 2016 e volume total de investimento de R$ 984 milhões. Embora os registros sejam expressivos, a quantidade de anjos e o volume total de investimento correspondem apenas a 2,6% e 4,1% dos números nos EUA no mesmo ano.

Com base nos PIBs dos dois países, a pesquisa conclui que o volume de investimento-anjo pode aumentar nove vezes em relação ao total aplicado em 2017, com potencial de atingir a marca de aproximadamente R$ 9 bilhões.