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Por: Agência BNDES de Notícias
Publicação:12:12 03/12/2018 |INFRAESTRUTURA |MEIO AMBIENTE |SUDESTE
Ultima atualização: 11:16 21/12/2018
Uma tecnologia nacional para tratamento e aproveitamento energético do lixo orgânico começou a ser testada no Rio. Instalada na Estação de Transbordo da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) no bairro do Caju, a planta-piloto foi inaugurada nesta segunda-feira, 3, e pode extrair de 100 a 150 metros cúbicos de biogás por tonelada tratada, com 50 a 60% de concentração de metano.
A tecnologia, que produz adubo e gás natural a partir dos resíduos, foi desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Methanum Tecnologia Ambiental Ltda. e a Comlurb. Ligada à UFMG, a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), recebeu apoio não reembolsável de R$ 10,36 milhões do Fundo Tecnológico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investir no projeto, que obteve também uma contrapartida de R$ 11,66 milhões em recursos próprios da Methanum, empresa interveniente da operação.
A operação da planta-piloto permitirá testar os parâmetros de eficiência da tecnologia de metanização por compostagem anaeróbia e ampliar a escala. Com capacidade de tratamento de 30 toneladas por dia, a planta tem produção mensal estimada de biogás capaz de abastecer uma frota de mil carros ou gerar energia suficiente para pouco mais de mil casas.
A unidade é composta por módulos com o tamanho aproximado de um contêiner, que recebem o lixo e ficam lacrados por um período de duas a três semanas, enquanto as bactérias introduzidas no compartimento degradam a matéria orgânica e produzem metano. O gás é armazenado, enquanto o material remanescente é retirado e usado como fertilizante.
Os micro-organismos são pulverizados nos módulos por uma tubulação, com uso intensivo de eletrônica. Sensores e medidores permitem controlar e otimizar a produção de biogás. A planta conta ainda com um gerador para a produção de energia elétrica a partir da combustão do gás.
“Um dos méritos dessa tecnologia é ser adequada à realidade do lixo produzido no País”, observou a gerente Odette Campos, do Departamento de Meio Ambiente e Gestão do Fundo Amazônia do BNDES. “Diferentemente do que ocorre em outros países, onde tecnologias semelhantes são empregadas em larga escala, no Brasil e na maioria dos países da América Latina, não temos uma boa separação do lixo. Na grande maioria das cidades, não há um sistema de coleta seletiva abrangente, e o lixo orgânico chega para tratamento misturado ao lixo reciclável”. Isso impede que se importe uma tecnologia europeia ou americana, por exemplo.
A estação da Comlurb no Caju foi escolhida por receber resíduos sólidos de bairros distintos, com diferentes padrões de consumo e produção de lixo, oferecendo diversidade suficiente para simular as condições de diferentes municípios brasileiros. Além disso, a Comlurb já tem usina de compostagem convencional com digestão aeróbia no local, permitindo a comparação do resultado das duas tecnologias.
Áudio: Odette Campos, do BNDES, comenta projeto que transforma lixo em energia