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BNDES - Agência de Notícias

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Por: Agência BNDES de Notícias

Publicação:11:20 16/08/2023 |INDÚSTRIA |INOVAÇÃO |MEIO AMBIENTE

Ultima atualização: 13:05 17/10/2023

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Novas plantas industriais buscarão locais “verdes”, e Brasil sairá ganhando, dizem especialistas

O powershoring, uma estratégia de reorganização de plantas industriais em função da agenda de eficiência energética e resiliência climática, pode impulsionar uma nova industrialização no Brasil, com atração de investimentos em energias renováveis, hidrogênio verde, biocombustíveis e novas tecnologias. Em linhas gerais, essa foi a conclusão a que chegaram especialistas reunidos na terça-feira, 15, em Brasília, na conferência “Powershoring e a Neoindustrialização Verde do Brasil”.

“Para o Brasil se desenvolver, vamos precisar aumentar o volume de energia gerada no País a partir de fontes limpas, ter fábricas mais eficientes e reduzir as emissões de gases do efeito estufa”, ressaltou o diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do BNDES, Nelson Barbosa.

Ele participou da mesa de abertura junto com o presidente em exercício e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin; o vice-presidente do Setor Privado do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), Jorge Arbache; o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade; e o presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara.

O diretor destacou que o BNDES está pronto para contribuir com o setor privado no financiamento a projetos associados a desenvolvimento verde, reciclagem e transporte urbano, entre outras áreas. “O Banco está aberto para que empresários apresentem suas propostas. Podemos financiar empreendimentos via crédito, estruturar debêntures, além de participar de iniciativas via mercado de capitais e fundos de investimento”, completou.

Sobre funding do BNDES, Barbosa elencou novidades, como o uso da TR para financiar inovação, a partir de regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN), e a criação da Letra de Crédito ao Desenvolvimento (LCD), cujo projeto deve ser enviado ao Congresso Nacional nas próximas semanas.

“Assim como tem a LCA, para agricultura, e a LCI, para o setor imobiliário, haverá uma letra de crédito para financiar infraestrutura e nova industrialização. O BNDES vai captar a taxa de mercado, com isenção tributária, e repassar esse ganho para o tomador, barateando os juros”, explicou. Por fim, disse que será alinhada com o Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima a aplicação, ainda este ano, de aporte de cerca de R$ 640 milhões aprovado de recursos do Fundo Clima.

Sobre o processo de neoindustrialização e a localização das plantas industriais no planeta, Alckmin ressaltou que, no passado, a questão era apenas onde produzir bem e barato; mas, atualmente, a pergunta é sobre onde produzir bem, barato e compensando as emissões de carbono.

“O Brasil é a grande alternativa. Já somos o quinto país do mundo em atração de investimento e podemos crescer enormemente. A neoindustrialização conta com a inovação verde. A letra de crédito para o desenvolvimento pode ajudar muito a indústria brasileira”, afirmou.

Os diretores do BNDES José Luis Gordon (Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior), Luciana Costa (Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática) e Natalia Dias (Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis) também participaram de diferentes painéis da conferência.

No painel “Como o powershoring e a neoindustrialização verde poderão promover o crescimento econômico sustentável e sustentado no Brasil?”, Gordon apontou que a neoindustrialização brasileira deve integrar a indústria nacional à cadeia dos investimentos que estão por vir.

“Queremos atrair indústrias ao Brasil não apenas para produzir, mas que utilizem a matriz energética limpa do país e aproveitem para desenvolver tecnologia aqui. Há uma série de empresas nacionais de máquinas que podem oferecer equipamentos para geração de energia limpa. O powershoring diz respeito a não sermos apenas um produtor de commodities de hidrogênio verde”, disse, lembrando que, no contexto da Nova Política Industrial, o BNDES deve financiar pelo menos R$ 65 bi em investimentos do setor nos próximos 4 anos.

Moderadora do painel “Quais são as ações setoriais e políticas necessárias para viabilizar e potencializar o powershoring e a neoindustrialização verde?”, Luciana Costa ressaltou que o Banco financiou, nos últimos 22 anos, 78% dos 26 gigawatts de energia eólica instalados no Brasil, todos os metrôs e mais de 50% das estradas. “Com sua expertise, o BNDES pode contribuir para estruturar projetos de hidrogênio verde, combustível sustentável de avião e ampliação da capacidade de geração de energia. Nosso foco está em como tirar essas iniciativas do papel”, afirmou.

“Temos 56% da nossa carteira aplicada em projetos verdes e sociais. É importante que a sociedade brasileira defenda o papel do banco de desenvolvimento como um mecanismo que vai viabilizar a indução do setor público e fazer a parceria com o setor privado”, destacou Natália Dias, durante o painel “Experiências e cooperação internacional: quais são as ações de políticas externas, acordos comerciais e de investimentos necessárias para viabilizar e proteger os interesses do powershoring e da neoindustrialização verde no Brasil?”.

Segundo a diretora, “o papel dos bancos públicos é diminuir o risco, preencher lacunas de mercado – onde o mercado não tem profundidade ou apetite – e trabalhar em parceria para alavancar investimentos”, disse, destacando que tais instituições sabem medir e mensurar impacto e que, no BNDES, o primeiro departamento voltado a questões do clima foi criado antes mesmo da Rio 92.