Estratégia Brasil 2050: BNDES recebe evento para discutir futuro do país
- Representantes do governo, do setor privado, de instituições e da sociedade civil debatem soluções para desafios do país
- Mudanças climáticas, desigualdades regionais e transição demográfica são destaque no evento
Nesta terça-feira, 17, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sediou o evento “Diálogos para a Construção da Estratégia Brasil 2050”, realizado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), com o intuito de debater ideias para o futuro e o desenvolvimento do Brasil nos próximos 25 anos.
Na mesa de abertura, os participantes foram unânimes em apontar o papel central do enfrentamento às mudanças climáticas para a construção de um país com mais qualidade de vida e justiça social. A diretora de Pessoas, TI e Operações do BNDES, Helena Tenorio, destacou que o Banco é o maior financiador de energias renováveis do mundo, segundo a Bloomberg, com créditos que somam cerca de US$ 36,4 bilhões no período entre 2004 e 2023.
Além da transição energética, a diretora comentou outras duas grandes transições em curso no país: a demográfica, marcada pela aceleração do envelhecimento populacional, e a tecnológica, com os impactos da inteligência artificial em diferentes setores: “Planejar o futuro exige atores públicos capazes de pensar e atuar com instrumentos eficazes para induzir transformações. Nesse contexto, o BNDES reafirma seu papel como instituição que pensa além dos ciclos de curto prazo”, destacou Helena.
Virgínia de Angelis (SNP/MPO) apontou que entre os objetivos da Estratégia Brasil 2050 estão dobrar o PIB per capita, reduzir a desigualdade para o nível de 0,40 no Índice de Gini, erradicar a pobreza, igualar a renda do trabalho de homens e mulheres no mercado formal e tornar o país neutro em emissões de carbono
Foto: André Telles/BNDES
A secretária de Planejamento do MPO, Virgínia de Ângelis, apontou que o objetivo da Estratégia Brasil 2050 é construir uma agenda de Estado suprapartidária, com ampla participação da sociedade civil e do setor privado, para criar uma visão de futuro agregadora e coerente para o país. Entre os objetivos destacados por ela no horizonte até 2050, estão dobrar o PIB per capita, reduzir a desigualdade para o nível de 0,40 no Índice de Gini, erradicar a pobreza, igualar a renda do trabalho de homens e mulheres no mercado formal e tornar o país neutro em emissões de carbono.
Junto aos desafios climáticos e demográficos, Virgínia também apontou a necessidade de enfrentar as desigualdades regionais no país: “Apesar de estarmos entre as 10 maiores economias do mundo, permanecemos entre os países com piores índices sociais. Precisamos fazer um desenvolvimento econômico que não condene os pobres, considerando a inclusão e a justiça social como premissas para os resultados que buscamos”, avaliou.
A secretária defendeu mais previsibilidade e segurança jurídica para gerar novos investimentos no Brasil, além da necessidade de sincronizar a Estratégia Brasil 2050 com outros instrumentos de planejamento de longo prazo. “É possível formar consenso em torno de grandes pactos para avançarmos enquanto país. A diversidade permite gerar melhores decisões”, disse.
Também presente à abertura do evento, o secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Nicola Miccione, enfatizou três aspectos: o enfrentamento das diferenças regionais, o investimento em novas fontes de energia renovável e a estabilidade das contas públicas. “A questão fiscal precisa ser enfrentada de forma muito séria. Precisamos entender o tamanho do Estado que podemos ter – não pode ser grande nem pequeno demais”, comentou Miccione.
Clarice Copetti, diretora executiva de Assuntos Corporativos da Petrobras, apontou a necessidade de uma transição real que equilibre a demanda com fontes mais limpas e renováveis sem comprometer o desenvolvimento econômico do Brasil
Foto: André Telles/BNDES
Energia – A diretora executiva de Assuntos Corporativos da Petrobras, Clarice Coppetti, sustentou no evento que o país precisa investir em novas fronteiras exploratórias de petróleo, sob o risco de precisar importar combustível na próxima década e recuar nas metas de descarbonização. “Isso não significa que a gente vai retroceder na meta de ser uma empresa com foco na transição energética justa”, afirmou Coppetti.
A diretora sinalizou que as reservas em águas profundas são um “ativo extraordinário” que diferencia o Brasil internacionalmente. Também pontuou que a demanda por energia é crescente, sobretudo nos países em desenvolvimento, e que todas as fontes de energia são fundamentais: “A transição energética não é uma simples substituição. Precisamos de uma transição real, que equilibre nossa demanda com fontes mais limpas e renováveis, mas sem comprometer o desenvolvimento econômico do Brasil”, argumentou.
Desafios e oportunidades – Em painel sobre desafios e oportunidades para o Brasil, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, defendeu que o planejamento de longo prazo é indispensável para diminuir desigualdades e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. “É preciso ter um Estado ágil, moderno, profissionalizado, com disciplina no planejamento e com a maior participação social possível”, disse o prefeito.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ), Antonio Florencio de Queiroz Júnior, acrescentou que a reforma administrativa é fundamental para ampliar negócios no país e incluir os 60 milhões de brasileiros que hoje estão fora do mercado de consumo.
No encerramento do painel, a presidente estadual da União Brasileira de Mulheres, Vania Bretas, apontou cinco caminhos para construir o Brasil de 2050: fortalecer a democracia participativa, combater as desigualdades estruturais com políticas que enfrentem o racismo, o machismo e as desigualdades territoriais, investir em inovação com justiça social, educar com qualidade e cultivar responsabilidade ambiental no desenvolvimento do país.
Estratégia Brasil 2050 – Coordenada pela Secretaria Nacional de Planejamento, a Estratégia Brasil 2050 se propõe a ser o referencial estratégico para orientar o desenvolvimento do país. A meta é promover um desenvolvimento social justo, uma economia forte e sustentável e instituições que garantam a nossa democracia e soberania.
Participantes da mesa de abertura do evento Estratégia Brasil 2050
Foto: André Telles/BNDES
Foto: André Telles/BNDES