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00:00 16/12/2016

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Relação entre internacionalização e inovação nas empresas

Diversos estudos analisam a relação entre internacionalização de empresas e inovação e demonstram que há uma relação direta entre os dois fenômenos. Por um lado, a inovação gera vantagens competitivas que proporcionam melhores condições para a internacionalização da empresa. Por outro, ao se internacionalizarem, além de terem mais acesso a novas tecnologias e possibilidades de inovação e adquirirem novos conhecimentos, as empresas ficam expostas a uma pressão competitiva maior que no mercado local. No lado da demanda, consumidores exigem mais qualidade e menor preço e, no lado da oferta, ocorre competição mais acirrada com rivais internacionais. Assim, a manutenção do sucesso de suas atividades no exterior demanda mais inovação e, portanto, em tese, ao longo do tempo existe uma relação interdependente entre inovação e internacionalização (FILIPESCU, 2006, apud BRASIL, 2009).

A relação começa com a ideia de que a tecnologia detida pela empresa a ajuda a inovar e criar as vantagens competitivas necessárias para competir e ter sucesso no mercado internacional. Uma vez que a empresa desenvolve atividades no exterior, ela adquire conhecimentos que serão úteis para a manutenção de suas vantagens competitivas e para a criação de oportunidades. Melhorar ou criar vantagens competitivas implica mais inovação. Consequentemente, a relação entre inovação e internacionalização pode ser considerada uma relação mútua.

Filipescu (2006) chama a atenção para a importância de as empresas se adaptarem aos mercados em que entram, utilizando o conhecimento que adquirem em sua experiência internacional, e de sua capacidade de se manterem inovando para sobreviver. Para a autora, o movimento deve ser constante.

Boermans e Roelfsema (2012) analisaram os efeitos causais da internacionalização na inovação em dez países com economias em transição. Os resultados mostraram que (i) exportar leva a um aumento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), nas vendas e no número de patentes internacionais; (ii) o investimento externo direto (IED) leva a um aumento em P&D e no número de patentes internacionais; e (iii) a terceirização internacional da produção gera um aumento nas vendas pela inovação de produtos.

Filippetti, Frenz e Ietto-Gillies (2013) analisaram o impacto da internacionalização no desempenho de inovação de 42 países e encontraram uma relação positiva entre os dois fenômenos. Segundo eles, as análises sugerem que competir em mercados internacionais por meio de IED e exportações amplia o aprendizado e a necessidade de inovação das firmas, o que aumenta a capacidade de inovação dos países de origem. O aumento dos investimentos diretos no exterior e das exportações das firmas acarretou forte impacto nas patentes realizadas pelos países de origem.

Arbix, Salerno e De Negri (2005) realizaram trabalho no qual ressaltam que as firmas transnacionais e nacionais brasileiras com investimentos diretos no exterior são maiores e mais produtivas que as firmas nacionais que não investem no exterior. Para eles, nessa dinâmica, a inovação tecnológica parece exercer um papel central. Por exemplo, como as firmas que inovam tendem a crescer mais rápido, e como existe uma realimentação da internacionalização sobre a inovação, isto é, a firma internacionalizada inova mais, o IED contribui para o crescimento da firma e a criação de empregos no país de origem.

A essa relação de interdependência soma-se o fato de que uma das razões que leva uma empresa a se internacionalizar é a busca por aquisições em inovação que lhe permitam saltos tecnológicos. Dessa forma, as empresas conseguem ganhos de produtividade ou entrada em novos mercados muito mais rapidamente do que se fossem desenvolver as inovações em seus países de origem com as estruturas existentes. Ao entrarem no mercado internacional, elas passam a ser influenciadas pelo novo ambiente e são expostas às mesmas pressões de demanda e oferta descritas anteriormente, entrando, então, no círculo virtuoso de internacionalização e inovação, desde que desenvolvam capacidades dinâmicas para manterem-se ali.

Pesquisas recentes mostram que o acesso a tecnologias está entre os principais fatores de motivação para a realização de IED por empresas de países em desenvolvimento. Baskaran et al. (2011) apud Gill e Singh (2012) analisaram os fatores que determinam o IED de China, Índia, África do Sul e Brasil e encontraram o acesso a P&D e capacidades tecnológicas entre os principais, junto com a aspiração de se tornar um líder regional ou global, o acesso a mercados regionais ou globais, o intuito de mover-se para cima na cadeia de valor em que estão inseridas e a garantia do fornecimento de recursos naturais.

Corroborando essas informações, uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV) (FLEURY et al., 2015) mostra que o acesso a tecnologias e conhecimentos se destaca como a maior motivação para a internacionalização das empresas brasileiras. Ao combinar esses resultados com os de outras pesquisas sobre multinacionais brasileiras, que apontam para uma preferência por aquisições em mercados desenvolvidos, os autores consideram que se tem um bom quadro de referência para o que passou a ser o mais importante fator para a internacionalização das empresas brasileiras: reconhecendo a defasagem delas em relação às tecnologias mais avançadas e aos mercados mais dinâmicos, vão buscar o catch-up tecnológico por meio de aquisições em mercados avançados, onde estarão expostas a novos e mais exigentes tipos de demanda.


Leia mais sobre o assunto e conheça o processo de crescimento, inovação e internacionalização de cinco empresas brasileiras, dos setores farmacêutico, de equipamentos industriais e de tecnologia, no artigo Relação entre internacionalização e inovação nas empresas: um estudo de caso, do qual foi extraído e adaptado esse conteúdo. O estudo é de autoria de Patrícia Dias Ribeiro e foi publicado na Revista do BNDES 46.

 

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Acessar a Revista do BNDES 46

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