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18:00 22/03/2019

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Método de gestão japonês impulsiona produtividade de empresas brasileiras

Especialistas da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), da Toyota e do BNDES participaram nesta quarta, dia 20 de março, do seminário Gestão empresarial – lições do Oriente. No evento, foram compartilhadas experiências sobre a adoção do método de gestão japonês Kaizen por empresas brasileiras e discutidos seus impactos sobre a produtividade.

O encontro surgiu como desdobramento de estudo realizado pelo economista do Departamento de Pesquisa Econômica do BNDES Filipe Lage, com o objetivo de investigar o impacto da utilização do método em firmas brasileiras. Como ele explicou, o projeto de pesquisa foi um dos quatro contemplados – além de outras duas iniciativas na Ásia e uma na África – em uma chamada de estudos promovida pela JICA.  

Com o apoio da instituição, Lage e mais três pesquisadores externos analisaram uma base de cerca de duas mil empresas brasileiras, a partir de dados obtidos de pesquisas do IBGE. O estudo comparou resultados de três grupos: empresas que já adotavam o Kaizen; que passaram a adotá-lo ao longo da pesquisa; e que não adotavam nenhum método de gestão. A partir daí, segundo o economista, foi possível concluir que “aquelas (empresas) que implementam o Kaizen tem um ‘prêmio’ de 14% na produtividade do trabalho e de 8% na produtividade total dos fatores (PTF)”.

Combinando a análise quantitativa a entrevistas, a pesquisa indicou ainda que, em geral, as companhias são levadas a buscar modelos de gestão desse tipo à medida sofrem maior concorrência e que os efeitos de sua adoção se tornam mais presentes no longo prazo. Confira a apresentação do economista. 

 

Método surgiu no pós-guerra e hoje é adotado em diferentes países do mundo

 

O representante sênior da JICA no Brasil Shinji Sato contou que a abordagem Kaizen se desenvolveu no Japão durante o pós-guerra, inspirada em programas de qualidade trazidos dos EUA. Baseada em princípios como melhoria contínua, envolvimento de toda a força de trabalho e custo zero, ela foi importante para impulsionar o desenvolvimento do país na época.

 

FOTO ANDRE TELLES 2125 BNDES GESTÃO EMPRESARIAL DO ORIENTE 20 MAR 2019

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Shinji Sato (JICA), Jorge Pasin (BNDES), Sérgio Niyama (Toyota) e Bruno Kosima (Toyota). Foto: André Telles. 

“Hoje em dia, de mega-empresas como Toyota a pequenas oficinas praticam o Kaizen no Japão. Os desafios que os países em vias de desenvolvimento enfrentam atualmente são semelhantes aos enfrentados pelo Japão no período pós-guerra. A experiência do Japão na implementação e desenvolvimento do Kaizen pode ser útil para os países que se esforçam em competir no mercado internacional”, afirmou Sato.

Ainda de acordo com ele, a JICA desenvolve ações desde os anos 1990 para a disseminação do modelo de gestão em outros países, inclusive em alguns da América Latina, apoiando a criação de centros de treinamento e a formação de profissionais. Baixe a apresentação do representante da JICA

 

Toyota foi pioneira na utilização do Kaizen

 

O vice-presidente de produção da Toyota Brasil, Sérgio Niyama, destacou que o Kaizen está incorporado à filosofia corporativa da empresa. A fabricante, que chegou ao Brasil na década de 1950, hoje conta com quatro unidades fabris e mais de sete mil funcionários no país. Ele ressaltou que um dos princípios fundamentais do Toyota Production System (TPS) é ir até a fonte dos problemas e tentar resolvê-los o mais rápido possível. Os gestores, por isso, precisam estar em contato permanente com o “chão de fábrica”. 

Para que o modelo funcione, há também um constante trabalho de difusão do TPS junto aos funcionários, de acordo com o chefe do grupo de TPS corporativo da Toyota, Bruno Kosima. O intuito é construir uma cultura baseada na eliminação de desperdícios e em “aprender fazendo”. Ele citou experiências também de implementação do modelo em outros tipos de instituição, como o caso do Hospital Santa Cruz, em São Paulo, que contou com apoio da Toyota para reformular o funcionamento de sua unidade de pronto-atendimento. 

 

Representantes do BNDES destacam relação com inovação e desenvolvimento

 

A chefe do Departamento de Bens de Capital, Mobilidade e Defesa do BNDES, Ana Costa, lembrou também que estar perto do “chão de fábrica” é importante para inovar e que, por isso, há uma tendência de reshoring no mundo atualmente. Ela ressaltou ainda os benefícios de difundir os modelos de gestão ao longo da cadeia de fornecedores, estabelecendo com eles uma relação de confiança e de longo prazo. “A filosofia de crescer junto combina bem com a proposta de desenvolvimento”, afirmou a economista, acrescentando que isso estimula encadeamentos produtivos relevantes, melhora no saldo da balança comercial, geração de empregos qualificados e desenvolvimento de competências em engenharia de projetos para o país. Veja mais na apresentação

Jorge Pasin, também economista do Departamento de Pesquisa Econômica do BNDES e moderador do evento, observou que as temáticas da gestão e da produtividade estão inter-relacionadas e fazem parte da essência da atuação Banco, sempre em busca do aperfeiçoamento da sua função de indutor e financiador do desenvolvimento. Assinalou ainda que melhorar processos não é ter como meta aperfeiçoar o rito formal ou burocrático, mas perseguir ganhos finais tangíveis, seja em produtividade ou qualidade, em aumento nas receitas ou no retorno, ou na maior geração de desenvolvimento econômico e social.

 

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