Indicadores financeiros: avaliando o desempenho de bancos de desenvolvimento
Desde o surgimento dos primeiros bancos de desenvolvimento (BD), em meados do século XIX, até os dias atuais, o mundo passou por transformações econômicas e sociais relevantes. Isso significa que essas instituições tiveram que se adaptar para fazer frente a diferentes desafios ao longo dos anos de acordo com a realidade de seus países.
Para avaliar como a atuação delas tem evoluído recentemente, estudo publicado na Revista do BNDES 54 propõe uma comparação entre os indicadores financeiros do BNDES e de outras quatro instituições: KfW Bankengruppe (KfW), da Alemanha; China Development Bank (CDB), da China; Korea Development Bank (KDB), da Coreia do Sul; e Banque Publique D’Investissement (Bpifrance), da França.
Principais indicadores financeiros e trajetória dos BDs no período 2015-2019
Por meio de indicadores calculados a partir das demonstrações contábeis de uma empresa é possível analisar sua situação econômico-financeira, a evolução e estrutura de seu patrimônio, os resultados, a liquidez, o endividamento, o retorno sobre os investimentos e a lucratividade (ASSAF NETO, 2015). Veja a seguir o desempenho dos cinco BDs em alguns dos indicadores mais comumente usados.
Rentabilidade
Os indicadores de rentabilidade mostram o grau de eficiência da empresa na utilização de seus ativos e na administração de suas operações. Para medi-la, são usados em geral o retorno sobre o ativo (ROA, de return on assets, em inglês) e o retorno sobre patrimônio líquido (ROE, de return on equity).
O ROE (retorno sobre patrimônio líquido) afere o retorno obtido em relação ao capital investido na empresa por seus acionistas. O índice indica o quanto a empresa gerou de lucro para cada US$ 1 de recursos próprios investidos, ou seja, é uma forma de medir a capacidade da empresa de agregar valor a si mesma com a utilização de seu próprio capital. Quanto maior o resultado, melhor para a empresa, pois maior será a relação entre lucro e o capital próprio investido.
Como mostra o gráfico do artigo, o BNDES apresentou a maior rentabilidade do patrimônio líquido (ROE) entre as instituições no período analisado. Esse indicador registrou queda de 2015 a 2018, mas teve crescimento expressivo (+9,9 p.p.) em 2019.
Já o ROA (retorno sobre ativo) mede a eficiência global da administração na geração de lucros com seus ativos totais. Conforme Matarazzo (2008), a análise do índice de retorno do ativo permite verificar o quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação a seu ativo, medindo, portanto, seu potencial de geração de lucro.
De acordo com o gráfico, o BNDES e o CDB apresentaram as maiores rentabilidades sobre o ativo no período analisado. Em 2019, o BNDES apresentou o maior ROA da amostra (2,3%), ficando acima da média do ROA dos demais bancos analisados (0,3%).
Eficiência em custos
A eficiência das instituições em termos de custo pode ser medida pela razão entre as despesas administrativas e o ativo total médio, ou entre essas despesas e o resultado operacional. Em ambos os casos, quanto menor o resultado dessa relação mais eficiente é a empresa em termos de custos. Confira a seguir como os BDs desempenharam nesse quesito.
Conforme se observa no gráfico apresentado pelo artigo, o BNDES apresentou em 2019 um indicador melhor do que a média dos BDs internacionais selecionados (0,5%), sendo superado apenas pelo CDB e pelo KfW. CDB, KfW e BNDES apresentaram a maior eficiência em custos no período analisado, enquanto o Bpifrance, a menor.
Conforme se observa no gráfico acima, historicamente, o BNDES apresenta a melhor eficiência em custos entre as instituições analisadas, sendo superado apenas pelo CDB em 2017 e 2018. Em 2019, o BNDES e o CDB registraram os melhores indicadores da amostra (11%), bem abaixo da média dos BDs internacionais analisados (46%).
No artigo Uma análise comparativa de indicadores financeiros do BNDES e de bancos de desenvolvimento internacionais entre 2015 e 2019, da contadora Luana Paula de Souza Barros, são apresentados outros indicadores e detalhados os resultados alcançados pelos cinco BDs selecionados.
Referências
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômicofinanceiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2015
MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
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