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Blog do Desenvolvimento

Financiando o desenvolvimento sustentável: O papel dos bancos de desenvolvimento

 

O conceito de desenvolvimento sustentável pode ter defini­ções variadas, mas está fundamentado no tripé formado pelas di­mensões econômica, ambiental e social, o chamado triple bottom line. A dimensão econômica trata da eficiência na produção e no consumo, supondo uma constante inovação e aprimoramento tecnológico dos processos produtivos no uso dos recursos naturais. A dimensão ambiental estabelece os limites do modelo produtivo, evocando a necessidade de torná-lo compatível com a capacidade do meio natural de se autorregenerar, mantendo a oferta de recursos naturais, e de ser resiliente na assimilação de resíduos e poluição. Já a dimensão social explicita a ideia de que a pobreza provoca danos ambientais e vice-versa, por isso, a sustentabilidade deve contemplar tanto equidade social como qualidade de vida.

 

Apesar dos crescentes esforços de diversos atores sociais em direção ao desenvolvimento sustentável, a economia atual ainda dá sinais frágeis sobre a possibilidade de manter o aumento da temperatura global limitado a 2°C, em comparação ao nível pré-industrial – como prevê o Acordo de Paris – e de combater adequadamente a desigualdade social e a degradação dos recursos naturais. Isso revela uma falha de mercado, já que políticas e comportamentos não vêm mudando na velocidade necessária para evitar custos evidentes para toda a sociedade.

 

O papel dos bancos de desenvolvimento na promoção do desenvolvimento sustentável

 

Uma mudança nesse cenário passa por dois pontos que têm influência universal sobre os negócios: políticas públicas e serviços financeiros. Juntos, eles podem atrair capital em busca de resultados sociais e ambientais associados a retornos financeiros (CISL, 2015). Os bancos de desenvolvimento (BD) podem ter papel fundamental nesses dois aspectos, já que ofertam produtos e serviços financeiros que propiciam a implementação de políticas públicas.

 

Embora tenham cumprido diferentes papeis ao longo da história, os BDs atuam principalmente com:

  • Projetos cujos benefícios sociais excedem os comerciais;
  • Projetos de longo prazo ou com execução de longa duração;
  • Empreendimentos de alto risco ligados à inovação, que envolvem novas tecnologias ou modelos de negócio;
  • Projetos em regiões pouco desenvolvidas ou distantes; e
  • Atores pequenos e sem histórico de crédito. (BGFP, 2021).

 

Além disso, em um cenário de convergência de crises, a contribuição dessas instituições para o fortalecimento de ações de financiamento anticíclico e de promoção da sustentabilidade tem ganhado especial atenção.

 

Nos países em desenvolvimento são necessários investimentos significativos para melhoria de infraestrutura básica (estradas, ferrovias e portos; estações de energia; água e saneamento), segurança alimentar (agricultura e desenvolvimento rural) e mitigação e adaptação às mudanças climáticas, além de saúde e educação.

 

Nesse contexto, os BDs podem tanto prover financiamento público quanto alavancar recursos privados para investimento nesses setores-chave, além de atuar como agentes de mudança no processo de transição, garantindo que os modos de consumo e produção sejam compatíveis com o crescimento sustentável (MARODON, 2020).  

 

Como o BNDES vem contribuindo

 

Pela abrangência de sua atuação, o BNDES tem contribuído de forma relevante para investimentos em indústria, inovação e infraestrutura; trabalho decente e crescimento econômico; e energia limpa e acessível (ODS 9, 8 e 7), atuando nas falhas de mercado mais tradicionais, ou seja, no financiamento de longo prazo e a atores pequenos e sem histórico de crédito, responsáveis pela manutenção de grande parte dos empregos.

 

Diante da crise sanitária vivida em decorrência da pandemia de Covid-19, o Banco ampliou sua atuação na saúde e vem escalando seu apoio no combate às mudanças climáticas. Reforçando seu papel anticíclico, tem atuado para fornecer crédito para o mercado quando a participação privada se retrai e para induzir a inovação com o intuito de promover a retomada da economia em bases mais sustentáveis. Como a pandemia demonstrou, investir no complexo industrial da saúde é estratégico para que o país tenha autonomia no desenvolvimento e na produção de vacinas e medicamentos. Já com relação ao clima, o Banco se soma ao movimento estratégico de empresas e investidores em direção ao alcance da neutralidade de carbono.

 

Esse texto é baseado no artigo O papel dos bancos de desenvolvimento na Agenda 2030: o caso do BNDES, das autoras Isabela Chan e Marta Bandeira, publicado na Revista do BNDES 56.

 

>> Acesse o estudo completo

 

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