Encontro reúne IFDs para discutir ações em prol do desenvolvimento verde e inclusivo
Em evento realizado na última quinta-feira, 15 de junho, representantes de instituições financeiras de desenvolvimento brasileiras discutiram estratégias para impulsionar o desenvolvimento verde e inclusivo. Promovido pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e o grupo internacional de bancos públicos de desenvolvimento, Finance in Common (FICS), o encontro buscou reunir contribuições dos principais atores nacionais para as discussões da Cúpula do FICS, a ser realizada em setembro, na Colômbia.
Na abertura, a diretora-geral adjunta da AFD, Marie-Hélène Loison, destacou que os impactos da crise climática são dramáticos e afetam principalmente os países menos desenvolvidos, o que reforça a importância do multilateralismo para enfrentar esses desafios. Segundo ela, isso passa por uma reforma do arcabouço financeiro internacional de forma a acelerar a transição para uma economia neutra em carbono.
Loison ressaltou a relevância da participação do Brasil nesse processo, tendo em vista o peso econômico do país e suas vocações naturais, e afirmou que já não há dúvidas também sobre o papel dos bancos de desenvolvimento, principalmente depois da pandemia. “Uma cúpula do FICS sem a participação dos bancos de desenvolvimento brasileiros não faria sentido”, registrou.
A Secretária de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), Renata Amaral, também enfatizou a retomada do protagonismo brasileiro no cenário internacional e nos temas ambientais, citando que o planejamento é fundamental para que o país possa aproveitar seu potencial em energias renováveis, descarbonização da indústria e tecnologias verdes, assim como para dar escala aos financiamentos verdes.
Na primeira mesa do encontro, que tratou de oportunidades e desafios para bioeconomia e reindustrialização verde, o chefe do Departamento do Complexo Agroalimentar e de Biocombustíveis do BNDES, Mauro Mattoso, lembrou que o país passou por um processo de desindustrialização nas últimas décadas, com perda de participação da indústria no PIB e redução do nível de intensidade tecnológica. Diante disso, informou que o BNDES tem trabalhado em conjunto com o governo para a formulação de uma nova política industrial, por meio de discussões no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). De acordo com ele, o CNDI definiu uma abordagem estruturada em sete missões temáticas para impulsionar o setor, entre as quais está a de “descarbonização da indústria, viabilização da transição energética e bioeconomia”.
Como exemplos de ações do BNDES nesse sentido, Mattoso citou a recente aprovação pelo Congresso de apoio do Banco a projetos de inovação com custo em TR, o desejo de ampliar as operações do Fundo Clima e a retomada do Fundo Amazônia, que pode impulsionar esses projetos na região amazônica.
Com outras mesas dedicadas a debater inclusão financeira e luta contra as desigualdades, e infraestruturas sustentáveis, o evento teve a participação de representantes de instituições como Banco do Brasil, Caixa, Banco do Nordeste, Desenvolve SP, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), entre outras.
No encerramento, a diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis do BNDES, Natália Dias, disse acreditar que os bancos de desenvolvimento têm um papel fundamental na implementação da Agenda 2030 da ONU, já que combinam visão de política pública e acesso aos governos, capacidade de estruturar e acompanhar a implementação de projetos e acesso aos bolsões de liquidez existentes no mundo. “Sempre digo que os maiores desafios da humanidade, que são segurança alimentar, transição energética e proteção da biodiversidade, não serão solucionados sem a inclusão da América Latina”, disse, sinalizando para importância de que os países da região participem dessa discussão em fóruns internacionais.
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