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Boas práticas para o uso de tecnologias digitais na educação

As tecnologias digitais podem ter um papel transformador na educação, estimulando o aprendizado, melhorando a gestão escolar e contribuindo para formação de docentes. Contudo, para que políticas e programas de incorporação da tecnologia na educação tenham sucesso, é fundamental ter uma estratégia consistente de monitoramento e avaliação (M&A), que possibilite corrigir rumos e identificar boas práticas a serem replicadas. Em relatório divulgado esta semana pelo Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (FGV CEIPE) e pelo Observatório Tecnologia na Escola (Otec), são apresentadas boas práticas identificadas na Iniciativa BNDES Educação Conectada (IEC-BNDES) que apontam caminhos para programas e ações similares.   

 

Iniciativa para testar modelos de uso de tecnologia na educação

 

Ao fim de 2017, o Ministério da Educação lançou o Programa de Inovação Educação Conectada (Piec), com o objetivo de apoiar a universalização do acesso à internet de alta velocidade e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica.

 

O BNDES ficou responsável pelo apoio financeiro e técnico especializado às iniciativas do programa, pela coordenação de parcerias com entidades privadas e civis, bem como por participar da estruturação e da coordenação do monitoramento e da avaliação do programa. Nesse contexto, foi lançada em 2018 a Iniciativa BNDES Educação Conectada, que por meio de uma chamada pública selecionou projetos das redes públicas estaduais e municipais para testar modelos efetivos de adoção da tecnologia como ferramenta pedagógica.

 

Foram contemplados seis projetos, divididos em dois blocos: (i) o primeiro contemplando os estados do Rio Grande do Sul, do Tocantins, da Paraíba e de Sergipe; e (ii) o segundo incluindo Bahia e Paraná. Ao todo, esses projetos atendem cerca de 160 mil alunos dos ensinos fundamental e médio, distribuídos em aproximadamente quatrocentas escolas estaduais e municipais, localizadas em 11 municípios.

 

Além de fomentar a adoção de tecnologias digitais nas escolas, a IEC-BNDES busca produzir aprendizados escaláveis, ou seja, passíveis de replicação em outros contextos.

 

A construção da estratégia de monitoramento e avaliação

 

Como uma ação voltada para a prototipação de políticas, a Iniciativa BNDES Educação Conectada conta com uma ampla estratégia de monitoramento e avaliação, considerada essencial para garantir a transparência do uso de recursos públicos e a identificação e sistematização de aprendizados institucionais e pedagógicos necessários para a escalabilidade do projeto.

 

O M&A tem especial importância no caso de um projeto educacional de inserção tecnológica: esclarecer quais modelos de fato colaboram para a melhoria dos resultados educacionais. Embora de suma importância, a tecnologia não pode ser entendida como uma saída fácil e rápida para os déficits de aprendizagem identificados. Uma política pública embasada em informações sistematizadas, possibilitadas pelo M&A, apresenta-se como uma boa prática ao gerar evidências passíveis de orientar e inspirar a formulação de outras políticas e projetos sobre uso de tecnologia na educação.

 

M&A e a teoria da mudança

 

A iniciativa parte do conceito de escola conectada, cuja premissa é a de que a eficácia das tecnologias educacionais depende do equilíbrio entre quatro dimensões complementares:

 

  • Visão – crença de que a tecnologia pode promover o ensino de qualidade e a gestão escolar eficaz e maneiras pelas quais tal crença se traduz em estratégias e políticas efetivas.
  • Formação – habilidades e competências necessárias a professores, diretores e coordenadores para o uso potencializado de tecnologias na educação. 
  • Recursos educacionais digitais (RED) – curadoria, acesso e uso de programas, aplicativos, objetos e conteúdos digitais em instituições escolares. 
  • Infraestrutura – garantia de acesso e qualidade de computadores e outros equipamentos, da conexão à internet e infraestrutura física.

 

Baseada no modelo holandês chamado Quatro em Equilíbrio (Vers in Balans), essa estrutura foi utilizada também para construção da teoria da mudança da iniciativa.

 

A teoria da mudança é um método específico para o enquadramento, planejamento, participação e avaliação de iniciativas, cada vez mais adotado por instituições, governos e organizações internacionais que buscam promover mudanças sociais com resultados efetivos.

 

Cada iniciativa, programa ou ação que adota esse arcabouço deve elaborar e se pautar pela sua própria teoria da mudança, descrevendo a relação lógica entre os insumos que serão investidos, as atividades e produtos realizados e os resultados (ou efeitos) que se espera observar naquele contexto.

 

Os produtos de M&A da IEC-BNDES estão alinhados a sua teoria da mudança e perpassam três dimensões avaliativas: (i) os processos, que se referem a práticas e desenvolvimento da implementação; (ii) a eficácia, ou verificação da entrega de produtos e realização de ações conforme os processos e os objetivos definidos; e (iii) a efetividade, ou o grau de atingimento desses objetivos (efeitos de curto, médio e longo prazo).

 

Mapeando as boas práticas da implementação do uso de tecnologia nas escolas

 

Para acompanhar as atividades de M&A da Iniciativa BNDES Educação Conectada, foi criado o Observatório Tecnologia na Escola (Otec), que atua como fonte de produção e disseminação de informações e conhecimentos sobre o tema. O observatório é composto por uma rede de instituições com experiência em monitoramento e avaliação de políticas educacionais (Rede Otec), um comitê acadêmico e uma instituição âncora responsável pela coordenação – que é o Ceipe FGV.

 

Nesse contexto, várias análises sobre a iniciativa vêm sendo desenvolvidas e disponibilizadas no site do observatório, como relatórios intermediários e estudos de caso. Publicado esta semana, o Relatório de boas práticas de implementação da Iniciativa BNDES Educação Conectada, por exemplo, apresenta e qualifica práticas identificadas em quatro territórios participantes – Paraíba, Rio Grande do Sul, Sergipe e Tocantins – que contribuíram para uma boa condução e implementação da iniciativa em termos operacionais e de gestão.

 

O estudo mapeia:

  • sete boas práticas estruturantes, com 14 ferramentas operacionais;
  • três boas práticas na dimensão visão, com 15 ferramentas operacionais;
  • três boas práticas em formação, com nove ferramentas operacionais;
  • duas boas práticas em REDs, com quatro ferramentais; e
  • três boas práticas em infraestrutura, com nove ferramentais.

 

Assim, cumpre o objetivo de apoiar a implementação do Piec – que recentemente foi transformado na Política de Inovação Educação Conectada (com a sanção da Lei 14.180/2021), dando ainda maior perenidade e importância as ações desse tema –, contribuir para a disc ussão de casos de sucesso de gestão de programas e projetos educacionais no Brasil e subsidiar formuladores de políticas públicas, secretários de educação, gestores escolares, professores, pesquisadores, financiadores, estudantes e demais atores interessados em lições acerca do planejamento e da implementação de políticas públicas educacionais com enfoque tecnológico.

 

>> Confira o relatório completo

 

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