
BIODIVERSIDADE E O SETOR DE ENERGIA
Como o setor de energia impacta e depende da natureza?
O setor de energia – incluindo a geração, conversão, armazenamento, transmissão, distribuição e uso – tem dependências e impactos amplos e significativos na natureza, em função do uso que faz da terra e da água e de sua alta contribuição para a emissão de gases de efeito estufa.
Ao mesmo tempo em que essas dependências e impactos são riscos para a continuidade dos negócios e para os resultados econômicos, o setor de energia tem o potencial de conduzir mudanças positivas para a natureza por meio de sua cadeia de valor e também de forma mais ampla – tendo em vista que a energia é essencial para quase todas as atividades produtivas, além de ser utilizada nas residências.
Importante notar que esse setor abarca não só a energia na forma de eletricidade, mas em todas as suas formas, como combustíveis utilizados nos transportes.
As principais dependências do setor de energia em relação à natureza são:
Materiais
A água limpa de fontes naturais é insubstituível no processo de resfriamento das termelétricas, por exemplo, ou na operação das hidrelétricas.
A produção de energia depende do hábitat em que está inserida: eólicas, fotovoltaicas, hidrelétricas e energias de fontes vegetais dependem do clima, luminosidade, vento e outras condições ecossistêmicas
Matérias-primas: o caso mais evidente é o de bioenergias como etanol, biodiesel etc. que precisam de insumos de origem vegetal, como o bagaço de cana-de-açúcar, para sua produção.
Serviços de regulação
A operação das empresas do setor depende de serviços ecossistêmicos de proteção contra riscos naturais, como o controle de erosão, tempestades e inundações, que ajudam a preservar as operações e a evitar danos às infraestruturas.
Também dependem de serviços de regulação climática que proporcionam uma previsibilidade à produção de energia renovável, como eólica, hidrelétrica e fotovoltaica.
Quais os impactos do setor de energia na natureza?
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Contribuição para as mudanças climáticas em função da poluição do ar e da emissão de gases de efeito estufa, não só por conta da queima de combustíveis fósseis, mas também por conta de eventuais desmatamentos para implantação de monoculturas, no caso de bioenergia, ou de reservatórios com florestas submersas, no caso de hidrelétricas. | |
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Mudança no uso da terra e dos oceanos, por conta do amplo uso da terra e do mar necessário para a infraestrutura do setor (usinas, oleodutos, plataformas, eólicas) com perda de hábitat e deslocamento de populações. | |
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Uso e reposição de recursos, por meio do consumo e degradação da água para além de sua capacidade de reposição, principalmente em função de acidentes e operações inadequadas como derramamento de óleo e rompimento de barreiras, que prejudicam a vida terrestre e marinha. | |
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Poluição da água, do solo, do ar e sonora, até mesmo pelas energias alternativas, ainda que em menor medida, como no caso da extração de lítio para produção de baterias. | |
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Introdução de espécies invasoras, no caso da monocultura, por exemplo, para produção em larga escala de energia derivada de fontes vegetais. |
Quais são as oportunidades do setor de energia em relaçâo à natureza?
Algumas ações que podem contribuir para reduzir o impacto do setor na natureza, mitigando riscos operacionais e criando oportunidades comerciais são:
Projetar e implementar uma ambiciosa estratégia de descarbonização por meio de investimento em tecnologias de energias renováveis e eficiência energética para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Evitar a conversão de hábitats e ecossistemas, considerando a natureza desde o estágio de elaboração dos projetos e assegurando o estabelecimento de novos projetos responsáveis, alocando-os fora das áreas-chave para a biodiversidade e em terras previamente degradadas para evitar conversões de hábitats naturais.
Planejar e implementar estratégias de gestão sustentáveis das águas, em conformidade com as regulações locais, nacionais e internacionais, com promoção da eficiência e reúso ou com busca de fontes alternativas (como marinha dessalinizada, água de reúso etc.) e implementação de programas de reabastecimento e projetos para conservar e restaurar espécies aquáticas afetadas pela evasão das águas.
Compromisso com modelos circulares, por meio da redução dos impactos da cadeia de suprimentos, com o aumento da circularidade e sustentabilidade dos componentes e ativos já nas fases de desenho e construção; do uso inovativo e sustentável dos materiais e soluções para substituir aqueles com impacto negativo na natureza; de inclusão de materiais reciclados, sempre que possível, em especial no caso de matérias-primas utilizadas em grandes volumes na produção.
Criar parcerias e influência além da sua cadeia de valor: contribuir para a geração de uma transformação sistêmica e políticas ambiciosas para a natureza e clima por meio de uma colaboração com diferentes cadeias de valor e diálogo com diferentes partes interessadas e grupos afetados, tais como empregados, comunidades locais, populações indígenas e comunidades marginalizadas.
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