Alta no PIB do 3T/2024 evidencia resiliência da atividade econômica em 2024
Edição n. 37/2024
O produto interno bruto (PIB) do 3º trimestre de 2024 (3T/2024) teve alta de 0,9% na margem, livre de influências sazonais. Esse resultado veio acima das expectativas do mercado, que previa alta de 0,8%, e mostra a resiliência da atividade econômica no país em 2024 até o presente momento.
Com esse desempenho, o nível da atividade econômica no Brasil segue superando a tendência observada entre 2017 e 2019, que teve ritmo de crescimento médio de 0,5% ao trimestre, ou 1,8% em termos anualizados.
Fatores que influenciaram a alta do PIB em 2024
Conforme já mencionado aqui, a alta do PIB em 2024 foi impulsionada por uma série de fatores, como o pagamento antecipado de R$ 93,1 bilhões de precatórios pelo Governo Federal no fim de 2023 e de cerca de R$ 30 bilhões dos precatórios previstos para 2024 no primeiro trimestre do ano. Soma-se a isso a antecipação de pagamento de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para o primeiro semestre de 2024, o pacote de enfrentamento à crise climática no Rio Grande do Sul, além do aquecimento do mercado de trabalho e o aumento da massa de rendimentos, a melhoria das condições de crédito e do mercado de capitais e efeitos defasados do ciclo de afrouxamento monetário iniciado em 2023 (ainda que este tenha sido revertido recentemente).
Todos esses fatores elencados contribuíram para manter o consumo das famílias aquecido e impulsionar o investimento ao longo do ano de 2024, incluindo o terceiro trimestre.
Destaques de oferta e demanda
Com relação à oferta, a principal contribuição para o crescimento veio dos serviços (+0,6 pontos percentuais – p.p.), com expansão de 0,9% no 3T/2024 em comparação ao 2T/2024, com ajuste sazonal. Houve contribuição pequena da indústria (+0,1 pontos percentuais – p.p.) vis-à-vis o 2T/2024, na série livre de influências sazonais, com desempenho positivo da atividade manufatureira (+1,3%), mas queda da construção (-1,7%), dos serviços industriais de utilidade pública (Siup) (-1,4%), e da indústria extrativa (-0,3%).
Quanto à demanda, houve contribuição negativa das exportações líquidas (-0,3 p.p.), corroborando o que os dados de quantum de comércio exterior já vinham mostrando nos últimos meses. No que tange às vendas internas (demanda doméstica, excluindo a variação de estoques), a contribuição foi bastante positiva (+1,4 p.p.), até maior que no trimestre anterior, liderada pelo consumo das famílias e pelo investimento.
O investimento também teve contribuição positiva (+0,4 p.p.) ao resultado do PIB, com crescimento de 2,1% no 3T/2024 em relação trimestre anterior, feito o ajuste sazonal – com destaque para o crescimento da produção de bens de capital no ano, especificamente da parte de equipamentos de transportes.
Mesmo com a recuperação da FBCF nos últimos trimestres, a taxa de investimento permanece em patamares relativamente baixos: ao fim de 2021, atingiu 17,8% a preços constantes de 2023, ao passo que, na média dos últimos quatro trimestres, encerrados no 3T/2024, esse valor foi de 16,8%.
Expectativas futuras
Por fim, olhando para frente, vale mencionar que o carry-over para 2024 fica em 3,0%, mas com a leitura interanual indicando um crescimento ainda maior, ao redor dos 3,3%. O estudo apresenta ainda algumas possibilidades para o ano de 2025 a partir de matriz de simulação.
Destacamos já alguns sinais positivos:
- a força da economia brasileira, que voltou a apresentar variação trimestral na margem bastante significativa, depois de dois trimestres também já muito positivos;
- um forte desempenho dos investimentos, categoria que obteve a maior taxa de crescimento entre os componentes da demanda;
- uma taxa de crescimento interanual bastante elevada e disseminada entre praticamente todos os setores da oferta e da demanda;
- um aumento do carregamento estatístico para o ano, que foi a 3,0%, muito acima das expectativas de início de ano.
Por outro lado, o crescimento da demanda doméstica acima do PIB tende a se refletir tanto em uma forte ampliação das importações e em piora na trajetória do saldo do balanço de pagamentos em transações correntes, quanto em uma inflação mais pressionada ligada aos componentes cíclicos. Atualmente o baixo nível de ociosidade da economia tende a continuar gerando ajustes na trajetória da taxa de juros doméstica.
Ao longo dos próximos trimestres, alguma moderação na trajetória de crescimento deve entrar em cena, seja por conta de uma política monetária cada vez mais contracionista, seja devido a uma política fiscal que deve contribuir cada vez menos com a atividade.
Veja abaixo uma tabela resumo e acesse o estudo completo.
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