A economia verde na retomada do crescimento
Com o objetivo de promover o debate e identificar soluções para impulsionar a economia verde no Brasil, o BNDES promove na próxima semana (de 19 a 23 de outubro) uma série de webinars com a participação de diferentes atores e especialistas ligados ao tema. A programação passa por questões como crescimento sustentável, práticas ESG, finanças verdes, Amazônia e sustentabilidade na agropecuária e na infraestrutura.
Para o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, “o Brasil tem todas as condições de ser líder global em Economia Verde. Temos aptidão natural para isso e é nossa responsabilidade como país desenvolver esta nova economia sustentável e regenerativa”.
Como aquecimento para os debates da Semana BNDES Verde, perguntamos a alguns convidados quais eram, na visão deles, as principais oportunidades para o Brasil retomar o crescimento com base nos princípios da economia verde.
Confira a seguir as respostas:
Bertrand Badré, CEO da Blue Like an Orange Sustainable Capital
[Depoimento gravado em vídeo - veja aqui a versão integral]
"A crise do Covid ainda não ficou para trás. Por isso ainda é muito importante pensar no processo de reconstrução. Nesse contexto, fico muito feliz em participar da Semana Verde do BNDES e parabenizo o BNDES por essa ótima iniciativa. A economia verde e as finanças verdes estão alinhadas às necessidades do Brasil, da América Latina, como continente, e do mundo. (...) Duas áreas são estratégicas: arcabouço regulatório e mobilização de recursos. Em relação à regulação, vários avanços já foram feitos pelo Brasil. Em particular, fiquei satisfeito em ver a aprovação do marco do saneamento e também as discussões sobre perdas de energia, por exemplo, e ainda há mais por vir. Na mobilização de recursos, o BNDES terá um papel fundamental. Porque é uma questão de quantidade de recursos disponíveis, mas também de qualidade. Eu acredito fortemente que a inovação e a criatividade serão os diferenciais na mobilização de recursos.
(...) Eu devo dizer que estou convencido que o BNDES vai ser crítico para essa evolução. Penso especificamente no capital para região Amazônica, onde os desafios, como sabemos, são gigantescos, mas as oportunidades potenciais também estão por toda parte. Tenho certeza de que o Brasil e o BNDES podem ter a Europa como seu principal parceiro. Podem se alinhar ao Acordo Verde Europeu e à mobilização verde de atores financeiros e recursos na Europa. Nesse sentido, a Blue Like an Orange Sustainable Capital, que tem raízes na América, na Europa e na América Latina, está ao lado de vocês. Está disposta a se conectar e ajudar nessa mobilização de recursos para as finanças verdes e a economia verde. (...)".
>> Betrand integra o webinar "Funding Através de Mecanismos Financeiros ESG", na terça-feira (20/10), das 11h às 12h.
Andréa Mota, sustainability director da Coca-Cola Brasil
“Investir na transição de um modelo de economia baseado na lógica linear (extrair, produzir, consumir e descartar) para um modelo de economia circular, onde os resíduos pós-consumo são re-introduzidos no ciclo produtivo é, sem dúvida, uma enorme oportunidade de desenvolvimento sustentável para o Brasil. Numa economia calcada nos princípios da circularidade, lixo é um conceito que não existe pois os resíduos são utilizados como insumos para produção de novos produtos. Além de eliminar um passivo ambiental, a economia circular gera riquezas para o país, criando empregos, gerando novas oportunidades de negócio e fazendo nossa economia girar. É bom para os negócios, para as pessoas e para o planeta!”
>> Andréa participa do webinar "Amazônia e Bioeconomia", na quarta-feira (21/10), das 17h às 18h.
Abel Alan Marcarini, senior project manager da South Pole
"Existem muitas oportunidades para retomar o crescimento usando princípios da economia verde e todas devem ocorrer através de uma rápida mudança para uma economia mais resiliente e de baixo carbono em setores da indústria, infraestrutura e principalmente agropecuária. Considero que uma das principais mudanças necessárias se daria através de práticas de agricultura e pecuária sustentáveis com desmatamento zero para continuar promovendo a conservação de áreas preservadas em biomas ameaçados como o Cerrado e a Amazônia e, ao mesmo tempo, garantir o crescimento econômico do país.
Além disso, existe uma tendência de diversos setores econômicos, principalmente o financeiro, em 'desinvestir' em atividades que usam combustíveis fósseis, impulsionando atividades de baixo carbono como energias renováveis. Por outro lado, a Política Nacional sobre Mudanças do Clima ratifica compromissos como o reflorestamento de 3 milhões de hectares que promovem crescimento econômico e ao mesmo tempo mitigação das mudanças climáticas."
Fábio Olmos, diretor da Permian Brasil
“O Brasil tem tanto a maior área de florestas tropicais do mundo como uma extensão gigantesca de áreas degradadas e subutilizadas. Estes são ativos que o país pode monetizar através de mercados de serviços ambientais, como o de carbono, e da promoção de atividades como agroflorestas, que tanto produzem alimentos e commodities como seqüestram carbono.
Mais especificamente, uma porcentagem importante do país está em unidades de conservação e terras públicas sem destinação cronicamente ameaçadas pela grilagem e desmatamento ilegal. Estas são uma fonte de problemas e despesas para o governo e a sociedade que podem se tornar uma fonte de receita e empregos se o país criar as condições para que o setor privado possa investir em projetos nestas áreas.
Para isso, é fundamental promover concessões nestas áreas e fomentar o mercado de carbono, além de linhas de crédito para projetos de restauração florestal e agroflorestas. Projetos como o que a Permian já desenvolve na Indonésia e está iniciando em Rondônia são exemplos reais de uma nova economia baseada na conservação das florestas e que podem ser replicados na Amazônia e no restante do país.”.
>> Abel Marcarini e Fábio Olmos estarão no webinar “Pagamentos por serviços ambientais e o mercado de carbono”, na quinta-feira (22/10), das 17h às 18h.
Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
“A retomada do crescimento é um momento para promover ganhos duradouros de competitividade da economia a partir de investimentos em eficiência energética, gestão pelo lado da demanda e digitalização dos sistemas de energia.
O momento também é oportuno para avançar na agenda de modernização de ativos de energia, com foco na melhoria de seu desempenho e ampliação da vida útil, incluindo redes elétricas e usinas hidrelétricas.
Além disso, de olho no posicionamento forte do Brasil em novos mercados de alto valor que vêm surgindo no contexto da transição energética global, também é hora de atentar para oportunidades de investimento em inovação tecnológica e novos modelos de negócios com foco em energias de baixo carbono.
Essas oportunidades se somam ao já competitivo mercado para energias limpas no Brasil, que nos estudos de planejamento energético nacional se firmam cada vez mais como grandes protagonistas na expansão da oferta de energia no país.”
Rosana Santos, diretora de estratégia da Enel
“A Economia Verde surgiu em 2008, substituindo o conceito de Ecodesenvolvimento. Visa o uso sustentável dos recursos naturais, uma menor emissão de carbono e responsabilidade social. As formas para implantar uma economia verde incluem aumento das ofertas de emprego, reciclagem, uso de energia limpa, consumo consciente, reutilização de bens e valorização da biodiversidade. Todo o processo produtivo de economia verde deve gerar algum tipo de desenvolvimento junto ao econômico, seja ele social ou ambiental.*
Retomar o crescimento com base nos princípios da economia verde pressupõe não nos distanciarmos da trajetória de sucesso na inserção das energias limpas, como por exemplo, solar e eólica; adotarmos a economia circular como princípio de implementação de nossos projetos; cuidarmos das pessoas como guia mestre de nossas ações; caminharmos para uma crescente digitalização do setor e para um ambiente regulatório cada vez mais inovador e propício à inserção de novas tecnologias. Isso tudo impacta positivamente o meio ambiente, a criação de empregos novos e qualificados, as oportunidades de inovação e criação de espaços para empreender.
*Adaptado do texto exposto no www.selecoes.com.br/economia/economia-verde-entenda-o-que-e/
>> Thiago Barral e Rosana Santos participam do webinar “Energias renováveis”, na sexta-feira (23/10), das 11h às 12h.
Gustavo Montezano, presidente do BNDES
“O Brasil tem todas as condições de ser líder global em Economia Verde. Temos aptidão natural para isso e é nossa responsabilidade como país desenvolver esta nova economia sustentável e regenerativa.
E quando se fala de desenvolvimento no Brasil, há de se falar em BNDES. Temos um papel estratégico e fundamental nesta transição para uma economia de baixo carbono; desde a proteção ambiental até instrumentos financeiros verdes.
Importante frisar que isto não é novo. Com o apoio do BNDES, o país tem conseguido ampliar seus investimentos em áreas fundamentais para essa mudança, como energia limpa, recuperação e preservação florestal, saneamento básico, infraestrutura sustentável e muitas outras. Além disso, com políticas específicas sobre o tema, cumprimos um papel importante para disseminar os princípios ESG (ambientais, sociais e de governança) junto às empresas com que atuamos.
Cientes da nossa responsabilidade neste processo, estamos promovendo a Semana BNDES Verde. Uma semana que envolverá diferentes atores na discussão de como impulsionar uma economia mais resiliente e de baixo carbono no país.
Estamos abertos e comprometidos a reforçar nossa atuação, em diferentes modalidades e setores, para co-criar a retomada do crescimento econômico brasileiro; baseado em sustentabilidade e desenvolvimento social à todos.”
>> O presidente do BNDES participa do webinar de abertura da Semana, com o tema “A retomada do crescimento com sustentabilidade”, na segunda-feira (19/10), das 16h às 17h.
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