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BNDES - Agência de Notícias

21:39 21 de March de 2023

Por: Agência BNDES de Notícias

Publicação:11:27 30/03/2022 |MEIO AMBIENTE

Ultima atualização: 18:31 30/03/2022

Walterson Rosa

“Não há como desenvolver uma nova economia verde sem assumir riscos, sem construir um modelo que foque também na população local”, explicou o presidente do BNDES a Alok Sharma

 

Em visita ao Brasil para uma série de encontros ligados à agenda ambiental, o CEO da COP-26, Alok Sharma, se reuniu nesta terça-feira (29) com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, na sede do Banco, em Brasília. O objetivo do encontro era analisar a relutância do mercado em investir na Amazônia e identificar alternativas para superar essas dificuldades. Na ocasião, Montezano chamou a atenção sobre a necessidade de mudança da mentalidade global em relação às questões de sustentabilidade ambiental.

"Estamos empurrando o investidor para fora da floresta quando na verdade deveríamos fazer o inverso", avaliou o presidente do BNDES diante de Sharma e da comitiva da Embaixada Britânica, que participaram do encontro dispostos a ouvir a posição do Banco sobre estratégias de desenvolvimento econômico na região amazônica. "O que o mercado vive hoje no que diz respeito ao desenvolvimento da região é um falso dilema que criamos e que precisa ser reparado: há vontade de investir, mas ninguém quer assumir o risco de lidar com a pressão internacional. E não há como desenvolver uma nova economia verde sem assumir riscos, sem construir um modelo que foque também na população local. Embora seja preciso levar esse dinheiro para a última milha, estamos empurrando o investidor para fora da floresta, quando na verdade deveríamos fazer o inverso", complementou Montezano.

Segundo interlocutores, um dado que chamou a atenção do grupo foi que menos de 4% do crédito brasileiro para Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMES) hoje é voltado para a Amazônia Legal. Na visão de Alok Sharma, essa limitação de investimentos se dá pela incerteza sobre a qualidade dos projetos apresentados no cenário internacional. O executivo lembrou que o investidor leva em conta dois fatores que precisam ser melhor explorados: transparência e clareza no que se investe. Dessa forma, Sharma alerta para o risco em se confundir oportunidades com o chamado "greenwashing".

 

Mercado de carbono – A repercussão da aprovação do artigo 6º do Acordo de Paris, que trata da regulação do mercado de créditos de carbono, também foi tema durante o encontro. O Brasil é visto como ponto fora da curva entre países emergentes pelo potencial de seu portfólio ambiental e pelo avanço cultural na assimilação da agenda ASG na sociedade.

Recentemente, o BNDES lançou seu edital piloto da compra de créditos de carbono em mercado voluntário e espera chegar a R$ 100 milhões até o final do ano. "Não dá pra desenvolver governança somente com políticos e acadêmicos. Precisamos de empreendedores. Precisamos do setor privado transformando a manutenção da floresta em pé em negócio. É preciso remunerar a última milha, ou seja, as pessoas que vivem naquela região", concluiu Montezano.

BNDES e COP26 – A participação do BNDES na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26) – realizada entre 1 e 12 de novembro de 2021 em Glasgow, na Escócia – se pautou por uma missão clara: promover a mobilização e alocação de recursos em projetos verdes no Brasil, se apresentando como uma instituição capaz de apoiar o país em uma transição justa, reduzindo as desigualdades, rumo à neutralidade de emissões até 2050, conforme o compromisso assumido pelo Brasil para o Acordo de Paris.

Para cumprir essa promessa, o Banco anunciou uma série de iniciativas. Uma delas foi o programa Floresta Viva, com recursos da ordem de meio bilhão de reais voltados ao financiamento a projetos de reflorestamento. Outra medida foi o lançamento do programa de garantias a crédito para eficiência energética (FGEnergia), cujo objetivo é apoiar investimentos para redução do desperdício de energia elétrica e, consequentemente, a emissão de gases do efeito estufa, além de aumentar a competitividade empresarial para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).

As discussões promovidas pelo BNDES sobre descarbonização da economia durante a COP26 também foram fundamentais para que o Banco lançasse seu edital piloto para compra de créditos de carbono. A primeira operação foi aprovada no dia 18 deste mês.

Para Gustavo Montezano, o mercado de carbono é uma tendência global, em que o Brasil está vocacionado a ser referência. “Cabe ao BNDES criar a estrutura para que o nosso país possa se beneficiar desta grande oportunidade e se tornar um dos maiores exportadores também desta commodity. Em consequência, teremos nossas florestas preservadas, levaremos renda à população que vive dela ou no entorno dela e criaremos uma economia verde pujante”, explicou o presidente do BNDES.