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BNDES - Agência de Notícias

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Por: Agência BNDES de Notícias

Publicação:11:27 30/03/2022 |MEIO AMBIENTE

Ultima atualização: 13:05 17/10/2023

Walterson Rosa

Em encontro com CEO da COP26, Montezano reafirma papel do Brasil como protagonista de uma economia verde

“Não há como desenvolver uma nova economia verde sem assumir riscos, sem construir um modelo que foque também na população local”, explicou o presidente do BNDES a Alok Sharma

 

Em visita ao Brasil para uma série de encontros ligados à agenda ambiental, o CEO da COP-26, Alok Sharma, se reuniu nesta terça-feira (29) com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, na sede do Banco, em Brasília. O objetivo do encontro era analisar a relutância do mercado em investir na Amazônia e identificar alternativas para superar essas dificuldades. Na ocasião, Montezano chamou a atenção sobre a necessidade de mudança da mentalidade global em relação às questões de sustentabilidade ambiental.

"Estamos empurrando o investidor para fora da floresta quando na verdade deveríamos fazer o inverso", avaliou o presidente do BNDES diante de Sharma e da comitiva da Embaixada Britânica, que participaram do encontro dispostos a ouvir a posição do Banco sobre estratégias de desenvolvimento econômico na região amazônica. "O que o mercado vive hoje no que diz respeito ao desenvolvimento da região é um falso dilema que criamos e que precisa ser reparado: há vontade de investir, mas ninguém quer assumir o risco de lidar com a pressão internacional. E não há como desenvolver uma nova economia verde sem assumir riscos, sem construir um modelo que foque também na população local. Embora seja preciso levar esse dinheiro para a última milha, estamos empurrando o investidor para fora da floresta, quando na verdade deveríamos fazer o inverso", complementou Montezano.

Segundo interlocutores, um dado que chamou a atenção do grupo foi que menos de 4% do crédito brasileiro para Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMES) hoje é voltado para a Amazônia Legal. Na visão de Alok Sharma, essa limitação de investimentos se dá pela incerteza sobre a qualidade dos projetos apresentados no cenário internacional. O executivo lembrou que o investidor leva em conta dois fatores que precisam ser melhor explorados: transparência e clareza no que se investe. Dessa forma, Sharma alerta para o risco em se confundir oportunidades com o chamado "greenwashing".

 

Mercado de carbono – A repercussão da aprovação do artigo 6º do Acordo de Paris, que trata da regulação do mercado de créditos de carbono, também foi tema durante o encontro. O Brasil é visto como ponto fora da curva entre países emergentes pelo potencial de seu portfólio ambiental e pelo avanço cultural na assimilação da agenda ASG na sociedade.

Recentemente, o BNDES lançou seu edital piloto da compra de créditos de carbono em mercado voluntário e espera chegar a R$ 100 milhões até o final do ano. "Não dá pra desenvolver governança somente com políticos e acadêmicos. Precisamos de empreendedores. Precisamos do setor privado transformando a manutenção da floresta em pé em negócio. É preciso remunerar a última milha, ou seja, as pessoas que vivem naquela região", concluiu Montezano.

BNDES e COP26 – A participação do BNDES na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26) – realizada entre 1 e 12 de novembro de 2021 em Glasgow, na Escócia – se pautou por uma missão clara: promover a mobilização e alocação de recursos em projetos verdes no Brasil, se apresentando como uma instituição capaz de apoiar o país em uma transição justa, reduzindo as desigualdades, rumo à neutralidade de emissões até 2050, conforme o compromisso assumido pelo Brasil para o Acordo de Paris.

Para cumprir essa promessa, o Banco anunciou uma série de iniciativas. Uma delas foi o programa Floresta Viva, com recursos da ordem de meio bilhão de reais voltados ao financiamento a projetos de reflorestamento. Outra medida foi o lançamento do programa de garantias a crédito para eficiência energética (FGEnergia), cujo objetivo é apoiar investimentos para redução do desperdício de energia elétrica e, consequentemente, a emissão de gases do efeito estufa, além de aumentar a competitividade empresarial para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).

As discussões promovidas pelo BNDES sobre descarbonização da economia durante a COP26 também foram fundamentais para que o Banco lançasse seu edital piloto para compra de créditos de carbono. A primeira operação foi aprovada no dia 18 deste mês.

Para Gustavo Montezano, o mercado de carbono é uma tendência global, em que o Brasil está vocacionado a ser referência. “Cabe ao BNDES criar a estrutura para que o nosso país possa se beneficiar desta grande oportunidade e se tornar um dos maiores exportadores também desta commodity. Em consequência, teremos nossas florestas preservadas, levaremos renda à população que vive dela ou no entorno dela e criaremos uma economia verde pujante”, explicou o presidente do BNDES.