Sertão Vivo: BNDES e Governo da Bahia assinam contrato de R$ 300 mi para agricultura familiar no semiárido
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(Participação: Ana Costa - superintendente da Área de Desenvolvimento Social e Gestão Pública do BNDES)
- Apoio faz parte da iniciativa Sertão Vivo e beneficiará 75 mil famílias em 49 municípios
- Iniciativa prevê implantação de sistemas de produção agrícola resilientes ao clima semiárido e restauração de ecossistemas degradados
- Projeto inovador busca simultaneamente enfrentar a pobreza, gerar resiliência climática, aumentar a produção de alimentos e recantigar
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Governo do Estado da Bahia lançaram, neste sábado, 28, em Itiúba (BA), projeto no âmbito da iniciativa Sertão Vivo, com contrato de R$ 299 milhões. A cerimônia contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues, da diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello e da representante do FIDA, Alessandra di Giacomo.
O objetivo da iniciativa é apoiar a adoção de práticas agrícolas resilientes às mudanças climáticas por agricultores familiares do semiárido baiano. Serão beneficiadas 75 mil famílias (cerca de 300 mil pessoas) em 49 municípios.
Do total de recursos contratados, R$ 252 milhões serão disponibilizados em forma de empréstimo ao governo estadual, e os R$ 47 milhões restantes serão repassados pelo BNDES, de forma não reembolsável. Para o agricultor familiar, o apoio será 100% não reembolsável.
"Este é um programa inovador e que vai contribuir para transformar a realidade do semiárido da Bahia. É uma das prioridades do governo Lula, dar condições para que as famílias que vivem no sertão possam melhorar de vida de forma sustentável e, ao mesmo tempo, estejam preparadas para as mudanças climáticas. O programa atua de forma integrada: combate à pobreza, aumenta a produção de alimentos com tecnologias que se adaptam ao semiárido, recupera sistemas degradados da caatinga e gera resiliência climática. O resultado é mais renda, qualidade de vida e comida na mesa. Na Bahia, o programa vai beneficiar cerca de 300 mil pessoas, em 49 municípios", disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
A iniciativa prevê, entre outras ações, a implantação de sistemas de produção agrícola resilientes ao clima semiárido, possibilitando o aumento da produtividade, da renda e da segurança alimentar; e a restauração de ecossistemas degradados, por meio da implantação de sistemas agroflorestais (SAFs) com espécies nativas da caatinga (recaatingamento). Com isso, espera-se mitigar as vulnerabilidades socioeconômicas e regionais, e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Foto: Clarissa Lima/BNDES
Segundo a diretora Tereza Campello, “com o Sertão Vivo, vamos garantir assistência técnica, acesso a equipamentos, água e insumos para que as famílias possam produzir de forma sustentável. Outra frente estratégica do Sertão Vivo é o restauro da caatinga, uma contribuição que o projeto vem trazer para esse bioma a partir da restauração de 25 mil hectares. Estamos falando em recaatingar o semiárido brasileiro”.
A superintendente da Área de Desenvolvimento Social e Gestão Pública do BNDES, Ana Costa, explicou como o projeto será executado. “Na prática, o programa vai funcionar com a atuação de equipes técnicas especializadas da assistência técnica rural, que vão aos territórios, conversar com as comunidades e identificar as famílias, principalmente as do CadÚnico, que mais precisam”, afirmou.
Segundo Ana, essas equipes vão elaborar planos de investimento que “vão ajudar desde a implantação de quintais produtivos até o acesso à água e o uso de tecnologias para melhorar a produtividade de forma sustentável”. Ela destacou ainda que os agricultores “vão receber orientação, estrutura e apoio para transformar seu modo de produção”.
Foto: Joice Rocha/BNDES
"Isso aqui é fruto de inteligência coletiva", disse o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, sobre a parceria com o BNDES na construção da iniciativa Sertão Vivo. "E a gente faz isso porque sabe que tem amparo e vamos executar esse recurso com toda a seriedade que temos que fazer", completou, em seu discurso na praça matriz de Itiúba.
O governador da Bahia destacou ainda a importância de garantir apoio não apenas aos médios, mas também aos pequenos e até aos chamados nanicos. Ele ressaltou a importância da presença do BNDES na cidade, já que as instituições financeiras ficam longe da realidade local. Segundo o governador, trazer recursos nem sempre é uma tarefa simples, especialmente quando o destino desses investimentos é a recuperação ambiental, o reflorestamento da caatinga e a oferta de água em regiões historicamente desassistidas.
Parceria do BNDES com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) da Organização das Nações Unidas (ONU), que também conta com recursos do GCF (Green Climate Fund), a iniciativa Sertão Vivo prevê destinar, ao todo, mais de R$ 1,3 bilhão a projetos no semiárido de seis Estados do Nordeste (BA, CE, PE, PB, PI, SE). O apoio financeiro é composto de uma parcela de recursos reembolsáveis (empréstimo) e outra não reembolsável (doação). A estimativa é beneficiar, no total, cerca de 326 mil famílias (aproximadamente 1,3 milhão de pessoas) em situação de vulnerabilidade.
Foto: Joice Rocha/BNDES