Obra do maior projeto de urbanização de favelas do BNDES, Canal da Cipriano Santos é entregue em Belém

  • Financiado com R$ 116 milhões, projeto garante saneamento, infraestrutura e mobilidade urbana para mais de 300 mil pessoas

  • Quase 10 km de canais das bacias do Tucunduba e do Murucutu receberão intervenção com investimento total de R$ 739 milhões

  • Em cerimônia na capital paraense, Banco também anuncia financiamento de R$ 248,5 milhões para a construção da Nova Rua da Marinha, que interligará a Rodovia Augusto Montenegro à Avenida Centenário

 

Três meses antes do previsto, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) garantiu a execução de uma obra estrutural que ficará como legado para a capital paraense após a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30). O Estado do Pará entregou, neste domingo, 18, em cerimônia com a presença do governador, Hélder Barbalho, e da diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, o Canal da Avenida Cipriano Santos, no bairro da Terra Firme, obra que integra o maior projeto de urbanização integrada de favelas e periferias do Banco.

Com financiamento de R$ 116 milhões do BNDES, o projeto do canal é parte dos serviços de macrodrenagem da Bacia do Tucunduba, garante saneamento, infraestrutura e mobilidade urbana para mais de 300 mil pessoas. Retificado em 1.100 metros de extensão, o canal teve as paredes recuperadas, com revestimento em placas de concreto armado, e recebeu novas redes de abastecimento de água, drenagem e esgotamento sanitário, que põem fim aos alagamentos históricos no local. Além disso, ele também passa a contar com vias marginais asfaltadas, com calçadas, ciclovia, sinalização, paisagismo e arborização. Foram construídas quatro pontes em concreto armado e quatro passarelas metálicas.

A macrodrenagem das bacias do Tucunduba e do Murucutu compreende a macrodrenagem de nove canais, que somam quase 10 km de extensão de canal que receberão intervenção. O investimento total no projeto, maior de macrodrenagem apoiado pelo BNDES, é da ordem de R$ 740 milhões.

Se consideradas também as obras nas bacias do Murucutu, Tamandaré e Una, os investimentos vão garantir saneamento, infraestrutura e mobilidade urbana para mais de 500 mil pessoas, o que equivale a cerca de 35% da população de Belém. “A entrega deste canal é mais um passo importante na construção de um legado para os moradores de Belém”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

De acordo ele, o Banco tem sido parceiro do governo do Pará na realização de grandes investimentos em infraestrutura e na ampliação de serviços públicos importantes. “São empreendimentos que melhoram a qualidade de vida da população. Ou seja, estamos entregando uma obra para cidade, não para um evento”, ressaltou.

Justiça climática - A diretora socioambiental do Banco, Tereza Campello, esteve presente na capital paraense neste domingo, 18, para a entrega da obra — antecipada em três meses — e destacou que o trabalho conjunto tem como objetivo não apenas preparar Belém para receber a COP 30, mas também para enfrentar o futuro e as mudanças climáticas. A melhoria vai impedir o alagamento e garantir à população condições de ter água e saneamento.

“A Conferência do Clima discute como o mundo pode aumentar a sua temperatura. Só que a temperatura já aumentou. O povo já está sofrendo e quem mais sofre é a população vulnerável, mais pobre. Então, nós estamos aqui, inaugurando o primeiro de 12 canais que vamos entregar, e isso já mostra um pouco do que é essa mudança e essa transformação que nós estamos proporcionando na cidade. É uma obra completa, transformadora e preparatória, mas preparatória à adaptação às mudanças climáticas”, destacou.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), mencionou que a intervenção é uma etapa do maior plano de macrodrenagem da história de Belém. De acordo com ele, a capital paraense, cercada por uma extensa bacia hidrográfica, sofreu por décadas com alagamentos causados pelo adensamento urbano e ocupação desordenada das margens dos igarapés. Com base nesse diagnóstico, o governo elaborou um plano que prevê a recuperação de 18 quilômetros de canais em 15 pontos distribuídos por cinco bairros.

Foto: Cláudia Bastos - BNDES / Divulgação

“A parceria com o governo federal permite que nós possamos fazer essas intervenções na nossa capital e, mais do que isso, dialogar com toda a cidade. A nossa intenção era que as comunidades mais carentes também pudessem se beneficiar dessa transformação, e hoje nós entregamos uma das obras da COP que beneficia a periferia, as comunidades mais carentes, os bairros que historicamente sofrem com o crescimento desordenado e com as dificuldades de um grande centro urbano”, comemorou.

Avanços na habitação - Entre os moradores que foram beneficiados com a melhoria está a estudante Mayla Brito, de 27 anos. Ela chegou ao bairro quando era criança e contou que, quando chovia, a água ficava na altura do joelho. “No primeiro ano que a gente morou aqui, na primeira chuva, a gente acordou com o pé na água. Quando chovia muito, as pessoas tinham que andar pelos batentes do canal. Então, foi uma coisa muito boa, só quem mora aqui tem noção do quanto mudou”, disse.

Também moradora da região, a autônoma Rosiane Brasil, de 47 anos, destacou que a reforma representa muito para ela. “Para quem vivia na lama, é tudo, não tem o que falar de ruim. Achei maravilhoso”, celebrou. Antes, quando a chuva era forte e as casas ficavam alagadas, muitos moradores perdiam seus móveis e eletrodomésticos, segundo ela. “Eu mesma já perdi algumas coisas, porque a minha casa foi para o fundo nas últimas enchentes”.

A revitalização da avenida se alinha ao que a Prefeitura vem buscando em termos de melhorias para a COP 30, de acordo com o prefeito de Belém, Igor Normando (MDB). Para ele, essa é mais uma obra fundamental para a cidade, que vai melhorar a qualidade de vida de milhares de famílias que antes pisavam na lama. “Isso faz parte de um grande pacote de intervenções que a Prefeitura de Belém, o governo do Estado e o governo federal estão construindo em uma ampla frente para preparar Belém para a COP 30, mas, sobretudo, para deixar um grande legado para as pessoas que moram na cidade”, pontuou.

Foto: Cláudia Bastos - BNDES / Divulgação

 

Nova Rua da Marinha: ouça áudio-release aqui:
(Participação: Tereza Campello - diretora Sociambiental do BNDES)

Nova Rua da Marinha: redução de alagamentos e aumento da mobilidade 

O BNDES também aprovou financiamento de R$ 248,5 milhões ao governo do Estado do Pará para a construção da Nova Rua da Marinha, em Belém, que interligará a Rodovia Augusto Montenegro à Avenida Centenário e ampliará sua largura de atuais 7,2 metros para até 75 metros, passando a ter três faixas por sentido, com canteiro central, faixas exclusivas para transporte público, ciclovias e áreas de estacionamento.

O apoio ocorre no âmbito do programa BNDES Invest Impacto e vai beneficiar cerca de 214,3 mil moradores, ou 12% da população de Belém. A expectativa é de geração de 430 empregos durante a execução das obras. O governo estadual garantiu uma contrapartida de R$ 4,5 milhões. O empreendimento, que também prevê a construção de pontes, rotatórias e faixas de pedestres elevadas, vai melhorar o escoamento do tráfego da Região Metropolitana de Belém e reduzir em até 33% o tempo médio de deslocamento no trajeto de 7,8 km entre os dois extremos da via.

Foto: Bruno Cruz - Agência Pará

“O BNDES está investindo em obras que modificarão a cidade Belém com benefícios definitivos para a população. A Nova Rua da Marinha é uma obra que vem sendo demandada há anos pela população, vai beneficiar mais de 200 mil moradores, reduzir alagamentos e aprimorar o ordenamento urbano. É uma alternativa urbanística moderna, com menor impacto socioambiental, e que não vai gerar realocação de moradores", disse a diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello.

O projeto, previsto no Plano Diretor de Belém desde 2008, tem impacto direto na mobilidade, na trafegabilidade e no ordenamento urbano da cidade de Belém, interligando duas grandes vias, e considerando as especificidades de uma metrópole na floresta. Projeto segue preceitos de acessibilidade, com faixas exclusivas para transporte público coletivo, ciclovias, calçadas e áreas para estacionamento.

Outro grande benefício da obra é contribuir com uma solução de drenagem adequada, mitigando os impactos das mudanças climáticas, pela redução de alagamentos recorrentes no bairro da Marambaia. Para isto, o projeto inclui a modernização do sistema de drenagem da via, que evitará a sobrecarga dos canais urbanos e contribuirá para a prevenção de doenças de veiculação hídrica.

Segundo Campello, mais do que uma intervenção local, a Nova Rua da Marinha é uma artéria estruturante que beneficiará toda a Região Metropolitana, melhorando o acesso a importantes equipamentos, como o Aeroporto Internacional, o Estádio Mangueirão, o Hangar Centro de Convenções e diversas unidades de saúde. “É uma obra para o presente e para o futuro de Belém, que vai resolver gargalos históricos de tráfego e trazer qualidade de vida para a população”, afirmou.

O projeto se destaca também pela escolha urbanística de forma a minimizar impactos socioambientais e os custos com desapropriações, utilizando soluções técnicas adaptadas à geografia e ao solo da região. “A alternativa à supressão controlada de vegetação seria a remoção de comunidades, gerando alto custo social e financeiro”, explicou a diretora do BNDES.

Maior investimento em urbanização de favelas  – O BNDES firmou em junho de 2024, com o Estado do Pará, contrato de financiamento de R$ 1,5 bilhão, para melhoria da infraestrutura urbana e ampliação do acesso a equipamentos e serviços públicos em favelas de Belém. Trata-se do maior investimento em urbanização integrada de favelas e periferias já apoiado pelo Banco.

O BNDES já desembolsou R$ 684 milhões para financiar as obras do governo do Estado que preparam a cidade para a COP. Do total liberado, R$ 505 milhões se destinam aos projetos de infraestrutura voltados à redução de vulnerabilidades e à adaptação climática (bacias do Tucunduba, Murutucu e urbanização integrada do entorno do Mangueirão), enquanto os R$ 179 milhões restantes financiam o Parque Linear da Tamandaré, o Terminal Hidroviário Internacional e a requalificação do Hangar, obras que contribuem diretamente para a realização da COP.

No Hangar, com investimentos de R$ 49 milhões, as instalações serão modernizadas e conectadas ao Parque da Cidade, onde haverá importantes debates da COP30. Já no Terminal Hidroviário, com R$ 55 milhões investidos pelo BNDES e obras executadas pelo governo estadual, Belém poderá ampliar a capacidade de deslocamento da região. Passageiros e visitantes contarão com lojas e serviços distribuídos em dois andares, além de desfrutar das paisagens da baía do Guajará e do skyline da cidade.

O BNDES também está restaurando o conjunto arquitetônico dos Mercedários, que terá atividades acadêmicas, galeria de arte, livraria, ensino de música, dois auditórios e um espaço expositivo. O projeto vai preservar um dos mais importantes patrimônios históricos de Belém, que será a Casa do BNDES na COP30, graças a um instrumento de cooperação firmado entre o BNDES e a Universidade Federal do Pará (UFPA).

Foto: Raphael Luz - Agência Pará

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