Caravana BNDES Periferias ouve organizações sociais em Belém

Após passar por Recife (PE) e Salvador (BA), essa quarta-feira, 11, foi a vez de Belém receber a Caravana BNDES Periferias. O evento reuniu 30 representantes de 24 organizações sociais da periferia de...

Após passar por Recife (PE) e Salvador (BA), essa quarta-feira, 11, foi a vez de Belém receber a Caravana BNDES Periferias. O evento reuniu 30 representantes de 24 organizações sociais da periferia de Belém e de outras localidades da região Norte no Centro de Eventos Benedito Nunes, na Universidade Federal do Pará (UFPA).

O objetivo foi ouvir as dificuldades enfrentadas por essas entidades para se inscreverem em editais e coletar insumos para a elaboração de chamadas públicas mais inclusivas, planejadas para 2025.

“O BNDES está olhando para a periferia com um foco na geração de emprego e renda. Sabemos que são vocês que chegam onde o Estado não chega. Este evento é para ouvir vocês, a fim de compreender as principais dificuldades que enfrentam para produzir os projetos e captar recursos”, afirmou Juliana Jonas Cypriano, gerente da Área de Desenvolvimento Social e Gestão Pública do BNDES.

A necessidade de aproximar o banco das organizações sociais das periferias, especialmente no contexto amazônico, foi reforçado por Lúcio Almirão, administrador do BNDES. Para Lúcio, esse processo de escuta é essencial, “afinal, para o desenvolvimento chegar na periferia, é preciso segurar nas mãos dos pequenos.”

Demandas da Amazônia – A burocracia foi unanimemente apontada como um grande obstáculo, desde os processos de regularização até a execução dos editais. “Os processos são muito burocráticos, e nós, que somos pequenos, não temos recursos para dar conta de tanta burocracia”, explicou Rômulo Vieira, da Central de Movimentos Populares (CMP) e do Instituto Ingá.

Outro ponto destacado foi a logística, especialmente no contexto amazônico, onde as distâncias e os custos de transporte tornam o trabalho das organizações sociais ainda mais desafiador. Além do custo das passagens, as vezes é preciso usar vários meios de transporte. Para compensar, os editais deveriam ter um valor diferente para a região. “Dentro do contexto da Amazônia, a locomoção é mais cara”, Erika Moreira, da União Nacional por Moradia Popular (UNMP) do Pará.

Ela também ecoou a queixa geral dos participantes por não saber a razão pela qual os projetos foram rejeitados. “Seria bom ter esse retorno para sabermos onde devemos melhorar para uma próxima oportunidade, saber o que deve ser alterado no projeto”, disse Erika.

Propostas para o futuro – As organizações também sugeriram caminhos para melhorar os editais e a relação com o BNDES. Entre as propostas, destacou-se a realização de capacitações online. Contudo, pediram atenção às comunidades que ainda enfrentam limitações de acesso à internet.

As discussões promovidas pela Caravana servirão como base para reestruturar os editais do programa BNDES Periferias, lançado em 2023. As chamadas públicas já realizadas destinaram até R$ 200 milhões para apoiar projetos que fomentem o empreendedorismo e a geração de renda em territórios periféricos urbanos. Para 2025, o banco busca ajustar seus editais às realidades do Norte e Nordeste, ouvindo as especificidades locais e apostando em iniciativas inclusivas.

O programa atua em duas frentes. Uma são os Polos BNDES Periferias, que promovem a criação de espaços multidisciplinares voltados à integração e ao desenvolvimento comunitário. Outra é a criação de trabalho e renda por meio do apoio aos empreendedores, prioritariamente mulheres, jovens e população negra, com o objetivo de melhoria de seus negócios.

Foto: Paulo Cézar/Agência Pará

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