Peça-chave na reindustrialização do Brasil, novo mercado de gás natural é foco do BNDES

  • Iniciativas do Banco na área foram tema de webseminário na última sexta-feira, 29, com participação do Ministro da Economia, Paulo Guedes

 

Um choque de energia barata é fundamental para a reindustrialização do Brasil, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, em webseminário promovido pelo Banco na última sexta-feira, 29, para tratar do mercado de gás natural. “O BNDES é peça chave nesse jogo, ao acelerar os investimentos do gás.”

O evento virtual marcou o lançamento do relatório Gás para o Desenvolvimento, produzido pelo BNDES ao longo de um ano e que apresenta oportunidades para a cadeia de valor do gás natural no país. O estudo traz proposições de medidas para potencializar a oferta e a demanda de gás, estimulando novos investimentos nas atividades relacionadas ao setor.

O gás natural - assim como o saneamento e o ambiente - foi definido pelo BNDES como tema estratégico desde o ano passado, devido ao seu potencial de mudar a forma de produzir e consumir energia no Brasil, segundo o presidente da instituição, Gustavo Montezano.

“Essa cadeia gera impacto econômico e social em diversas camadas da sociedade. Daí o interesse do BNDES em ser um elo conector entre os atores do setor”, resumiu o executivo, na abertura do webinar.

Apresentado pelo gerente André Pompeo, do Departamento de Gás, Petróleo e Navegação do Banco, o estudo do BNDES desenvolve principalmente a necessidade de promover um casamento entre a oferta e demanda do produto.

Para tanto, é necessário ampliar a infraestrutura de escoamento do gás natural e a rede de distribuição, de modo a expandir a oferta decorrente do pré-sal, que, segundo Rodrigo Costa, gerente-executivo de gás natural de Petrobras, representa um ativo de ordem mundial.

A chave para esses investimentos pode estar na ampliação do uso do gás natural veicular — em especial em caminhões e ônibus — e também no estímulo ao uso do insumo na indústria (em setores como siderurgia, mineração, fertilizantes nitrogenados e papel e celulose, entre outros).

O BNDES pode, nesse aspecto, ser provedor de crédito — preferencialmente em parceria como mercado privado —, mas pode também contribuir em outras dimensões, tais como: (1) ações coordenadas com instituições públicas e privadas; (2) sugestões de investimentos estruturantes e novos modelos de negócios no país; e (3) realização de estudos setoriais.

“O BNDES se vê no centro de conexão entre várias entidades públicas e privadas. O papel do Banco vai além do de um financiador: somos um provedor de soluções para destravar investimentos do setor”, avaliou André Pompeo. “É importante haver um agente neutro para casar oferta demanda. Foi por conta desse perfil que o BNDES foi convocado pelo Ministério da Economia para fazer essa articulação”, reforçou o diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do Banco, Fábio Abrahão.

Outros dois pontos relevantes na cadeia do gás natural são o marco regulatório e o ambiente estadual. “É muito importante que os Estados venham junto conosco nesse movimento de mudança na exploração do gás”, ressaltou o secretário-executivo adjunto do Ministério das Minas e Energia, Bruno Eustáquio. Ele informou que o MME está trabalhando em um manual de boas práticas regulatórias, que será lançado em breve, para auxiliar os reguladores estatuais.

Nessa frente, o BNDES pode trabalhar também como estruturador de projetos de privatização das companhias distribuidoras estaduais. “Chegamos no limite da capacidade de desenvolvimento do setor por meio de investimentos monopolistas estatais. Ele foi importante, mas agora, por diversas razões, precisamos caminhar para um mercado livre, com atração de investidores privados”, defendeu o gerente-executivo de Desenvolvimento de Negócios da Shell, Alexandre Cerqueira.

O vice-presidente Jurídico e de Relações Institucionais da Ternium, Pedro Teixeira, fez avaliação semelhante: “o mercado de gás deve evoluir ao que nós já temos hoje na energia elétrica: um mercado livre”.

Para a diretora de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fatima Coviello, “o novo mercado de gás é a agenda mais importante do governo federal hoje”. Para ela, caminha-se para haver mais previsibilidade ao setor, o que é importante num mercado em que os investimentos levam de 3 a 4 anos para maturar.

A boa notícia, segundo a vice-presidente para o mercado de energia da Equinor no Brasil, Cláudia Brun, é que atores públicos e privados têm falado a mesma língua: “Em toda a minha carreira, eu nunca testemunhei tanta convergência entre os atores do setor”, comemorou.

A íntegra do webinar, do qual também participaram, o superintendente de Petróleo e Gás Natural da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Marcos Faria, e José Carlos Oliver, diretor de projetos e suprimento de gás da Comgás, está disponível no canal do BNDES no Youtube:

Foto: Captura de tela/Divulgação BNDES

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