Novo ciclo de investimentos em infraestrutura e construção civil em debate no BNDES
Segurança jurídica e regulatória, previsibilidade de demanda, projetos bem estruturados, incentivo à inovação, aumento da produtividade do setor e boas práticas de compliance são os principais desafio...
Segurança jurídica e regulatória, previsibilidade de demanda, projetos bem estruturados, incentivo à inovação, aumento da produtividade do setor e boas práticas de compliance são os principais desafios a serem superados para alavancar os investimentos em infraestrutura no Brasil. Esse foi o diagnóstico comum levantado por autoridades do Governo Federal, entidades de classe, instituições financeiras, órgãos de controle e investidores do setor nesta quinta-feira, 25, durante o seminário “Novo ciclo de investimentos em infraestrutura e a transparência na construção civil”, no Teatro BNDES, no Rio.
Levy: “É importante que haja concorrência, transparência, integridade e oportunidades para empresas de vários tamanhos".
Na abertura do evento, o presidente do BNDES, Joaquim Levy relacionou os investimentos em infraestrutura ao aumento da produtividade da economia e na melhoria das condições de vida das pessoas. Ele enfatizou a existência de demanda pelos investidores locais e estrangeiros em participar de projetos de longo prazo. Mas, para isso, é necessário “definir o pipeline de projetos, acelerar privatizações e articular os diversos atores envolvidos”, defendeu.
Empresas robustas, transparentes e em conformidade são, na opinião do presidente, resultado da construção de um “ambiente que estimule o trabalho sério e a excelência”. Segundo o presidente do BNDES, “esse é o caminho para termos um setor de construção civil forte e capaz de entregar o que a sociedade espera e de aproveitar as oportunidades que surgem”.
Levy também mediou o painel “Novo panorama da construção civil do Brasil”, com o Brazil Country Manager do International Finance Corporation (IFC), Hector Gomez Ang; o presidente da Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC), Jose Carlos Martins; o presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), Venilton Tadini, e associate partner, da Patria Investments, Felipe Pinto.
“No mercado de construção civil, é importante que haja concorrência, transparência, integridade e oportunidades para empresas de vários tamanhos. Essa dinâmica favorece a resolução dos problemas do Brasil, aumentando o bem-estar da população”, defendeu Levy.
Leia o artigo "Uma agenda para o futuro da construção civil" disponível do Blog do Desenvolvimento.
Para José Carlos Martins, credibilidade, inovação e crédito são os três fatores-chave para destravar investimentos no setor. “Precisamos reduzir o grau de incerteza, ter continuidade nos aportes à pesquisa, desenvolvimento e inovação e fomentar seguradoras a ocupar mais espaço nesse mercado”, disse.
José Carlos Martins, presidente executivo da ABDIB
Felipe Pinto apontou o crescimento acelerado da fatia de produtos financeiros de infraestrutura no portfólio de investidores privados. “Existe capital. Mas ele é inteligente, tem acesso a uma ampla gama de produtos e escolhe somente após comparar as alternativas disponíveis”, disse. “E o que eles avaliam é segurança jurídica, respeito a contratos e um pipeline robusto de projetos com risco ajustado ao retorno”. Ainda segundo ele, o Brasil representa uma das melhores oportunidades de investimentos. “Basta aliar bons projetos, previsão de demanda e regulação sólida. Não vai faltar capital”, disse o executivo da Pátria Investments.
Segundo Felipe Pinto (Pátria Investments), o Brasil representa uma das melhores oportunidades de investimentos
McKinsey: Investimento de 1% em infra ao longo de 10 anos gera impacto de 1,6% no PIB
Apresentar a experiência internacional do setor de construção e suas boas práticas de gestão, inovação, produtividade e governança são os objetivos do estudo “O novo ciclo de investimentos em infraestrutura e o setor de construção civil – Agenda para o futuro”, realizado pela McKinsey a pedido do Private Sector Participation Program, uma parceria entre BNDES, IFC e BID.
Carlos Gondim, associate partner da McKinsey, que apresentou um resumo do documento durante o seminário, apontou o efeito multiplicador dos investimentos em infraestrutura nos países em desenvolvimento. “A média global de investimentos de 1% ao longo de 10 anos, gera um impacto estimado de 1,6% no PIB, podendo ser ainda maior no caso do Brasil que tem um ‘gap’ de 45% no estoque de infraestrutura".
Carlos Gondim (Mackinsey)
Estratégia governança e estruturação de projetos
Em painel que discutiu “Estratégia, governança e estruturação de projetos”, o secretário especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Adalberto Vasconcelos, anunciou a elaboração de medida provisória que define o BNDES como principal parceiro do programa na estruturação de projetos de infraestrutura. “O Banco será nosso principal parceiro na estruturação de projetos urgentes e necessários ao país”, disse o secretário.
Segundo ele, “Padronização nos processos de contratação, acompanhamento dos ministérios setoriais e implantação constante de soluções são fatores que permitiram à equipe do PPI qualificar projetos com rapidez, além de facilitar a verificação pelos órgãos de controle”, defendeu Adalberto.
Vasconcelos: “O BNDES será nosso principal parceiro na estruturação de projetos urgentes e necessários ao país"
Também convidada do painel, a superintendente da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), Solange Paiva contou o andamento da frente de atuação parlamentar para aprimorar o marco regulatório do setor de seguradoras.
“Estamos discutindo um projeto de lei que vai permitir às seguradoras fazer o ‘step-in’, ou seja, assumir o lugar do contratado inadimplente e contratar outra empresa para terminar a obra ou executar os serviços sem necessidade de nova licitação. Isso vai dar agilidade à execução dos projetos e alterar radicalmente o processo licitatório de grandes obras públicas”, adiantou. Segundo ela, as seguradoras já afirmaram ter capacidade de dar andamento aos projetos em caso de inadimplência do contratado.
Superintendente da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), Solange Paiva
Encerrando o painel, a diretora de Governo e Infraestrutura do BNDES, Karla Bertocco, destacou o momento de reorientação estratégica e o novo papel do Banco, “não apenas no financiamento com recursos atraentes, mas na articulação dos agentes do processo, no apoio aos entes subnacionais, na estruturação de projetos e no equacionamento com funding público onde o setor privado tem dificuldade de atuar”.
Para isso, enfatizou a necessidade de conhecer bem os projetos. “Se temos disposição de trabalhar no financiamento de longo prazo, assumiremos maior risco, por isso, precisamos atuar logo no início, na estruturação dos projetos, e assim conhecer com profundidade os projetos que vamos apoiar”.
Karla Bertocco, diretora de Governo e Infraestrutura do BNDES.
Segundo a diretora do BNDES, “bons projetos tem propósito claro – revertem em benefício para a população, são financiáveis – observam o contexto regulatório e o apetite do mercado, contam com estrutura de garantias robusta e estão atentos aos impactos da corrida tecnológica”, afirmou.
Também participaram da mesa, a secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias (Ministério da Infraestrutura), Natália Marcassa; e o secretário-Geral Adjunto de Controle Externo (TCU) Marcelo Luiz Souza da Eira.
Assista a íntegra do evento abaixo:
Foto: Agência BNDES