Entidades de indústria e inovação apoiam retomada da BNDESPAR
- Para representes do setor, investimento público fortalece competitividade e alavanca recursos privados
O anúncio da retomada dos investimentos da BNDES Participações S.A (BNDESPAR) em renda variável, feito na segunda-feira (23), foi recebido com entusiasmo pela indústria brasileira. Entidades representativas do setor divulgaram notas em apoio à subsidiária de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que investirá até dezembro R$ 5 bilhões diretamente em empresas e outros R$ 5 bilhões por meio de fundos de investimentos, com foco em transição ecológica, descarbonização e inovação.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o investimento público em estratégias de desenvolvimento industrial “é meio para superar grandes desafios socioeconômicos” e tende “a alavancar recursos privados, coinvestidos em projetos de maior incerteza, típicos quando se trata de inovação”.
“Os investimentos anunciados também têm o potencial de impulsionar o mercado de venture capital no Brasil, que tem sofrido com a redução no volume de recursos, inclusive pela liquidação de fundos de corporate venture capital”, diz a nota da CNI. “Em um contexto de grandes desafios como a transição energética e a digitalização, o apoio a negócios inovadores e startups – que introduzem avanços tecnológicos e inovações – é indispensável para que o Brasil capitalize suas vantagens e lidere a economia de baixo carbono”.
Investimentos estratégicos – Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o fortalecimento da atuação do BNDES em mercado de capitais contribui para acelerar os investimentos estratégicos em economia verde e inovação. “O direcionamento de até R$ 10 bilhões para empresas comprometidas com a sustentabilidade e o futuro da produção nacional sinaliza uma política de desenvolvimento alinhada aos desafios contemporâneos da competitividade e da transição energética”, afirma a Fiesp em nota.
A entidade empresarial paulista ressaltou também que a carteira do Sistema BNDES apresentou uma rentabilidade de 16,4% ao ano, de dezembro de 2011 a março de 2025, desempenho superior ao do Ibovespa no mesmo período, que foi de 10,2% ao ano. “Esse histórico demonstra a capacidade técnica do banco de investir com eficiência e responsabilidade em ativos de impacto, ampliando as fontes de recursos para investimentos”, finaliza a nota.
Novo alento – Para a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), os investimentos trazem “novo alento para a indústria nacional, em especial, como apoio à implementação de um programa estratégico de modernização do parque fabril brasileiro, que visa fortalecer a produtividade e, consequentemente, a competitividade do setor industrial e promover uma transformação estrutural na nossa economia”.
“Ao direcionar recursos para projetos com alto potencial de crescimento e de geração de valor, a BNDESPAR não apenas apoia setores-chave para o futuro da economia brasileira, mas também incentiva o investimento privado”, diz a nota da Abimaq. “Trata-se (…) de iniciativa que faltava para desencadear um processo de recuperação econômica, impulsionado pelo estímulo a investimentos produtivos e pela ampliação da formação bruta de capital fixo, elementos essenciais para um crescimento econômico que alcance níveis aceitáveis e suficientes para reduzir as desigualdades sociais que afligem ainda milhões de brasileiros (…).
Visão proativa – A Associação de Empresas de Desenvolvimento Tecnológico Nacional e Inovação (P&D Brasil) destacou o compromisso do Governo Federal em promover iniciativas que impulsionem a indústria – “crucial para o crescimento econômico, social e sustentável do país” – e o papel estratégico da BNDESPAR nessas ações, “com uma visão proativa em abordar desafios e explorar oportunidades, visando à modernização, à inovação e à competitividade do setor produtivo”.
“A retomada de investimentos pela BNDESPAR contribui de forma significativa às Missões estabelecidas para a Nova Indústria Brasil (NIB), que busca não apenas reverter as tendências negativas, mas também reposicionar o Brasil como um player relevante e competitivo no cenário global”, afirma a P&D Brasil em nota.
Fármacos – O Grupo FarmaBrasil, associação privada que representa 12 das principais indústrias farmacêuticas nacionais, vê na medida uma oportunidade concreta de ampliar os investimentos em inovação para aumentar o acesso da população brasileira a medicamentos de qualidade. A meta das empresas nacionais, que detêm 50% do mercado interno (75% no caso dos medicamentos adquiridos pelo SUS) é investir R$ 20 bilhões até 2027.
“A indústria farmacêutica é a que mais investe em inovação entre todos os setores industriais”, observou o presidente-executivo do Grupo FarmaBrasil, Reginaldo Arcuri. “O setor vê nessa medida um impulso importante para atingir os objetivos da Missão 2 da Nova Indústria Brasil, que prevê que o país produza, até 2033, 70% das suas necessidades em medicamentos”.
Foto: Martin Philip/Getty Images