Com financiamento do BNDES, centro tecnológico da Acelen para produzir combustíveis sustentáveis é inaugurado
O centro de inovação tecnológica da Acelen Renováveis financiado com R$ 257,9 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi inaugurado nesta sexta-feira, 29, em Montes Claros (MG), na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Acelen Agripark compõe a cadeia de produção de diesel renovável e de combustível sustentável de aviação (SAF) baseado na cultura da macaúba, planta nativa brasileira de alto poder energético.
Maior centro agroindustrial do mundo dedicado à macaúba, o Agripark será responsável por toda pesquisa e desenvolvimento necessários para viabilizar a futura biorrefinaria de combustíveis da Acelen, a ser construída na Bahia, em São Francisco do Conde.
O trabalho feito no Agripark será orientado pelo mapeamento de maciços de macaúba com maior potencial de produção de óleo, formando o banco de germoplasma para seleção das melhores plantas, clonagem e melhoramento genético. Na operação da unidade, está prevista a criação de 200 empregos.
Lula destacou o pioneirismo do Brasil em combustíveis renováveis, como o etanol e o biodiesel. “Hoje é um dia espaciel para mim, a concretização de um sonho que se tornou realidade”, afirmou. “O Brasil será o campeão mundial na transição energética”.
Acelen Agripark, em Montes Claros, Norte de Minas
Foto: Acelen Renováveis
Com recursos do Programa BNDES Mais Inovação, o financiamento à Acelen –empresa de energia do Mubadala Capital – pretende aumentar a produtividade e a competitividade de um setor com grande potencial exportador. Esta é a primeira operação do Banco para o desenvolvimento do SAF, o “combustível do futuro”.
“Às vésperas da COP30, o Brasil avança na descarbonização da aviação e do setor de transportes pesados com apoio do BNDES. Somos o maior financiador de energia renovável do mundo e de ônibus elétricos na América Latina: são R$ 3,8 bilhões para aquisição de 1.701 veículos”, afirma o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
O Agripark integra um projeto da Acelen com investimento total estimado em US$ 2,7 bilhões, que produzirá 1 bilhão de litros de combustível verde por ano, além de gerar mais de 90 mil empregos. A estratégia, inédita para o uso da macaúba, prevê o cultivo de 180 mil hectares em Minas Gerais e na Bahia: 20% da produção dos combustíveis será oriunda da agricultura familiar, o que beneficiará mais de dez mil famílias em sua área de atuação.
Agripark – O centro de inovação tem capacidade de germinação de 1,7 milhão de sementes de macaúba por mês e produção de 10,5 milhões de mudas da planta por ano. A localização foi escolhida pela boa infraestrutura e proximidade dos maciços naturais de macaúba.
O centro também atuará no desenvolvimento de processos-chave para ganhos de eficiência e produtividade, incluindo protocolos de germinação, produção de mudas, automação para redução de perdas e custos, cultivos experimentais voltados à adaptação da espécie e aumento do rendimento do óleo, além da construção de planta piloto e unidades para extração, caracterização e processamento de óleo e coprodutos.
Os avanços já geraram resultados: no início deste ano, a equipe agroindustrial da Acelen realizou a primeira extração industrial de óleo de macaúba — um feito histórico viabilizado por tecnologia inédita. “A macaúba é pesquisada e testada em pequena escala há mais de 70 anos, globalmente, e há cerca de 30 anos, no Brasil. De forma inédita no mundo, aqui integramos e potencializamos este conhecimento com tecnologia para garantir uma escala global. É um projeto sólido, que reúne instituições nacionais e internacionais, incluindo universidades, Centros de Pesquisa e demais parceiros para soluções industriais, agroindustriais, rastreamento e certificação”, conclui Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renováveis.
Acelen Valoriza – Durante o evento, foi lançado também o Programa Valoriza, que promoverá a inclusão produtiva no campo por meio de parcerias com produtores locais e agricultores familiares.
Maria Eunice Soares de Machado Costa, de 60 anos, conhecida como dona Nice, representou os agricultores de Montes Claros ao assinar a parceria com a Acelen, ao lado do marido Juvenal Fonseca da Costa. Ela foi homenageada com uma placa, entregue por Lula e pelo CEO da Cetelen.
Dona Nice se dedicada ao cultivo da macaúba há mais de 20 anos. Integrante da Copper Riachão desde 1992, quando começou a associação, ela se tornou referência, junto com o sobrinho Vlaney, no restabelecimento da cooperativa em 2021, após dois anos de paralisação devido à pandemia.
Em maio deste ano, a Acelen construiu a primeira fazenda-modelo de mudas de macaúba na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Na primeira etapa, foram 198 hectares cultivados e cerca de 90 mil mudas plantadas.
A partir de 2028, a Acelen planeja iniciar a produção de SAF e RD com óleo vegetal e gordura animal não comestível. A previsão da produção de combustíveis com óleo de macaúba é a partir de 2030.
Lula e CEO da Acelen entregam placa em homenagem a dona Nice
Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República