BNDES detalha iniciativas para o desenvolvimento da indústria de minerais críticos em seminário na Câmara

  • Projetos a serem apoiados pelo Banco miram minerais como lítio, níquel, grafite, terras raras e fosfato, fundamentais para tecnologias verdes e fertilidade do solo
  • Fundo de investimento em participações e chamada pública juntas visam mobilizar pelo menos R$ 6 bilhões em financiamento para o segmento de minerais estratégicos

A atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para alavancar a indústria de minerais críticos no Brasil foi destaque de seminário promovido nesta quarta-feira, 9, pela Comissão de Desenvolvimento Econômico (CDE) da Câmara dos Deputados, em Brasília. O evento teve como objetivo ampliar o debate e subsidiar a tramitação do Projeto de Lei 2780/2024, que institui a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos (PNMCE) e cria o Comitê de Minerais Críticos e Estratégicos (CMCE).

As iniciativas do Banco foram apresentadas por Pedro Paulo Dias, gerente de Inteligência de Mercado de Mineração e Transformação Mineral do BNDES. “O Brasil possui um posicionamento privilegiado para liderar a agenda de minerais críticos”, avaliou.

Os minerais críticos são aqueles cuja disponibilidade atual é limitada e a exploração é considerada necessária para assegurar a transição energética, já que são essenciais para a fabricação de peças e equipamentos associados à ideia de energia verde e de descarbonização. Por sua vez, os minerais estratégicos são considerados cruciais para o desenvolvimento econômico, tecnológico e a segurança de um país.

O BNDES tem-se envolvido em iniciativas que priorizam minerais como cobalto, cobre, estanho, grafita, lítio, manganês, molibdênio, nióbio, níquel, silício, tântalo, titânio, tungstênio, urânio, vanádio e zinco, além de minério de terras raras, entre outros. Minerais fundamentais para a fertilidade do solo também estão no rol de elementos abrangidos em ações do banco.

Com esse foco, o BNDES lançou no ano passado o FIP em Minerais Estratégicos. Em parceria com a Vale, a iniciativa tem estimativa de mobilizar R$ 1 bilhão. Os recursos poderão ser investidos em cerca de 20 empresas júniores e de médio porte que atuem em pesquisa mineral, desenvolvimento e implantação de novas minas de minerais estratégicos no Brasil. O BNDES – por meio da subsidiária BNDES Participações S.A. (BNDESPAR) – e a Vale subscreverão cotas no valor mínimo de R$ 100 milhões e máximo de R$ 250 milhões cada, observado o percentual máximo de participação individual de 25% no capital comprometido total do Fundo.

"O Banco foi a mercado, propondo ser um âncora com o investimento de até R$ 250 milhões nesse fundo, e selecionou uma tese que faz sentido e que foi super bem recepcionada. Recebemos propostas de excelência de gestores terceiros para fazer a alocação desse capital e intenções de investimento da ordem de R$ 3 bilhões de capital privado. É o Banco indo a mercado com um instrumento indutor, voltado especificamente para exploração mineral e desenvolvimento de novas minas, onde o capital de risco é extremamente necessário", contou Pedro Paulo.

Pedro Paulo Dias apresenta atuação do BNDES para impulsionar a indústria de minerais críticos em seminário na Câmara dos Deputados

Foto: Bruno Spada/BNDES

Pedro Paulo também destacou uma característica peculiar do setor: grande parte dos investimentos para desenvolvimento de novas minas é realizado por empresas pré-operacionais, também chamadas de empresas juniores ou intermediárias. "Isso faz com que seja extremamente necessária essa mobilização do mercado de capitais para apoiar esse tipo de investimento", acrescentou.

Chamada com a Finep – Outro ponto abordado foi a chamada pública lançada em janeiro deste ano pelo BNDES em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), voltada a investimentos em transformação de minerais estratégicos. Ao todo, foram submetidas 124 propostas de planos de negócios por diferentes empresas. Deste total, 56 foram selecionadas, com demandas que somam R$ 45,8 bilhões. Conforme o edital, as empresas receberão indicação de instrumentos financeiros do BNDES e da Finep que poderão ser utilizados para apoiar a realização dos empreendimentos.

"Todos os planos selecionados trazem um olhar para a transformação. O desafio agora é como viabilizar planos ambiciosos que estão sendo desenvolvidos por empresas que ainda são pré-operacionais ou, em alguns casos, por empresas que, apesar de já terem investido centenas de milhões, possuem um plano que é maior do que a sua capacidade de garantir isoladamente o investimento futuro", avaliou.

Levantamento da Rede Invest Mining e da Agência Nacional de Mineração (ANM) aponta que há 75 empresas juniores listadas bolsas internacionais e com atuação no Brasil. É um cenário que sugere oportunidades para que o mercado de capitais brasileiro recepcione essas empresas.

Histórico – Pedro Paulo destacou o histórico do BNDES no apoio à indústria de mineração, mencionando os primeiros investimentos em pesquisa mineral na década de 1970, as operações de risco que viabilizaram descobertas em Carajás (PA) e em outras regões do país, as parcerias com empresas de serviço geológico e o investimento pesado a partir dos anos 2000.

"Estamos agora diante de uma nova indústria e entendemos que novamente é momento de participar dessa etapa de descobertas dos minerais críticos e do desenvolvimento de novas minas. E é isso que a gente tem buscado fazer, em alinhamento com a política Nova Indústria Brasil", pontuou.

Foto: Bruno Spada/BNDES

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