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Por: Agência BNDES de Notícias
Publicação:11:30 18/04/2019 |INOVAÇÃO
Ultima atualização: 16:04 22/04/2019
• “BNDES Token” e “TruBudget” devem entrar em fase-piloto ainda neste semestre
Novas ferramentas baseadas na tecnologia blockchain, que devem entrar em fase-piloto ainda neste semestre, prometem assegurar mais transparência e confiabilidade nas operações de financiamento com recursos públicos. O tema foi apresentado por técnicos da Área de Tecnologia da Informação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no evento “Blockchain e a Transformação Digital”, promovido pela instituição em parceria com a Petrobras e a PUC Rio nesta quinta-feira, 18, no Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio.
Em sua palestra no evento, o analista de sistemas do BNDES, Gladstone Arantes, lembrou que o uso da tecnologia blockchain no Banco nasceu de uma seleção interna de ideias inovadoras. “O objetivo do projeto era combater uma crise de confiança de âmbito mundial, disparada pela própria internet e identificada pela pesquisa Trust Barometer, da consultoria Edelman”, explicou.
Gladstone traçou um paralelo entre a revolução tecnológica em curso e as transformações trazidas pela introdução da impressão com tipos móveis. “O processo da desconfiança deflagrado pelo aumento da quantidade de informação e do número de pessoas capazes de publicar informação não é um processo novo: também ocorreu com a invenção da imprensa escrita, por volta de 1450, que teve entre suas consequências a reforma protestante e o iluminismo”, comparou. “Essa crise de confiança pode ser combatida por uma ferramenta da própria internet, o blockchain, que é algo positivo, como aconteceu na época de Gutenberg, quando depois daquele turbilhão chegamos ao iluminismo”.
No BNDES, a tecnologia é empregada em duas frentes: o TruBudget e o BNDES Token. Desenvolvido em conjunto com o KfW, o banco de desenvolvimento alemão, que idealizou a ferramenta para suas operações na África, o TruBudget tem como objetivo aumentar a transparência do uso dos recursos do Fundo Amazônia. “Já convidamos a Noruega, principal doador do Fundo Amazônia, a participar da rede”, anunciou Gladstone.
O BNDES Token, por sua vez torna as operações do Banco mais transparentes pelo uso de um criptoativo – um crédito virtual, conversível em reais – em uma rede pública chamada Ethereum, permitindo que qualquer pessoa rastreie as transferências de recursos. “Mais do que transparênca, buscamos ir além, criando confiança”, afirmou Gladstone.
Ele destacou as parcerias com o governo do Espírito Santo e com a Ancine na prova de conceito do BNDES Token e com o Ibama na prova de conceito do TruBudget. “Temos como objetivo colocar os dois projetos-piloto em produção agora neste semestre”, revelou. “Em recente consulta pública, muitas empresas se propuseram a prestar serviços ao banco. Estamos abrindo o código-fonte do BNDES Token para que qualquer pessoa ou empresa possa colaborar conosco na construção da solução”.
Outra palestrante do BNDES no evento, a analista de sistemas Suzana Maranhão destacou a importância da padronização para a adoção mundial em larga escala da tecnologia blockchain, “sem perder de vista que estamos tratando com um setor de alto grau de inovação”. Suzana representa o Banco no grupo de estudos da União Internacional de Telecomunicações (ITU) – agência das Nações Unidas especializada em tecnologia da informação e comunicações – que discute padronização e interoperabilidade de plataformas. Liderado pela China, o grupo tem o Brasil ocupando a vice-liderança.
Em janeiro, o BNDES promoveu o seminário internacional Disruptive Technologies for Financial and Public Services, que reuniu participantes de 16 países. “Discutimos ações importantes, definições de termos, análises de casos de uso, arquitetura de referência, framework regulatório e possibilidades futuras de padronização”, lembrou Suzana.
Conforme lembrou a técnica do BNDES, já estão se formando consórcios regionais e nacionais de blockchain. “Vimos na Espanha uma iniciativa chamada Alastria, que já tem mais de 400 membros, cujo objetivo é promover a adoção de blockchain em nível nacional”, exemplificou. “É um consórcio multissetorial, com integrantes públicos e privados, para alavancar o uso de tecnologia por meio de infraestrutura, inclusive infraestrutura física de redes, educação, regulação e parcerias”.
No ano passado, o BNDES fez um mapeamento do sistema blockchain no Brasil, que levantou 357 iniciativas. “Agora a PUC Rio está transformando essa fotografia que tiramos naquele momento em um processo contínuo, com o desenvolvimento de uma ferramenta em que as pessoas poderão atualizar seus próprios dados”, disse Suzana.
No encerramento do evento, Vanessa Almeida, gerente do Departamento de Desenvolvimento de Sistemas do BNDES, ressaltou que o Banco vem trabalhando nos últimos anos em sua própria transformação digital. “Acreditamos que a transformação digital das empresas brasileiras é muito importante para o desenvolvimento do país”, ponderou.