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BNDES - Agência de Notícias

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Por: Agência BNDES de Notícias

Publicação:19:08 05/06/2023 |INSTITUCIONAL

Ultima atualização: 13:05 17/10/2023

Seminário debate novos modelos de financiamento sustentáveis no Dia Mundial do Meio Ambiente

No Dia Mundial do Meio Ambiente, o BNDES, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a Fundação Friedrich Ebert Stiftung (FES) promoveram, no auditório do BNDES no Rio de Janeiro, seminário que apresentou estratégias para financiar investimentos que permitam impulsionar a construção de um futuro mais produtivo, inclusivo e sustentável no Brasil e na América Latina. Participaram da mesa de abertura, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o secretário executivo da Cepal, José Manuel Salazra-Xirinachs; e o representante da FES, no Brasil, Christoph Heuser.

Em sua fala inicial, Mercadante resgatou o papel histórico que BNDES e Cepal desempenharam nos últimos 70 anos para o desenvolvimento do Brasil e da América Latina, oferecendo soluções, estudos e pesquisas que ajudaram a definir os caminhos para industrialização desses países e fez uma proposta: “Falei com o diretor geral da Cepal (Daniel Titelman) para criarmos um novo grupo de trabalho a ser chamado Cepal BNDES+70, para mostrar que os desafios de 70 anos atrás voltam a estar na nossa agenda”, disse.

O presidente do BNDES defendeu que o Brasil precisa de uma neoindustrialização, que seja transformadora, digital, sustentável, que impulsione a descarbonização da economia e crie uma nova perspectiva histórica. “A crise climática é um grande desafio para a humanidade, estamos longe da meta que conter 1,5 graus Celsius. Os desastres estão se acentuando e precisamos de uma nova política de financiamento. Isso que nos traz aqui hoje. A Cepal lança o estudo ‘Financiamento o Big Push’, instrumento muito importante para o processo de transição ecológica e social no Brasil”, ressaltou Mercadante. O anfitrião revelou ainda que propôs ao secretário-geral da Cepal, Salazar-Xirinachs, que ele se junte ao banco na causa de se criar um 18º ODS, voltado a igualdade racial, que será lançada pelo BNDES no dia 20 de novembro.

Mercadante destacou também a necessidade de investimentos em energia eólica em alto mar (Offshore), segmento que defendeu ser importante e que precisa de apoio do Congresso Nacional para ter um marco regulatório: “o Brasil precisa dobrar sua oferta de energia limpa. O BNDES tem que estar junto ao parlamento para ajudar a desenvolver regulação, alavancar investimentos e destravar atuação de setores públicos e privados”, enfatizou.

Sobre os desafios na Amazônia, o presidente do BNDES relatou que o Ministério da Justiça, Polícia Federal e Marinha necessitam de investimentos de R$ 2 bilhões para ampliar sua capacidade de ação de monitoramento e controle na região, em que habitam 28 milhões de pessoas que precisam de alternativas de emprego e renda, que promovam o desenvolvimento da região e preservem a Floresta. Mercadante ressaltou que o BNDES será o financiador da COP 30, em Belém (PA), e que a cidade precisa de muito investimento para abrigar a conferência e se mostrar como uma cidade inteligente e preparada e, por isso, o a cidade terá R$ 5 bilhões do BNDES.

O representante da FES, Christoph Heuser, destacou que a crise climática já é uma realidade com consequências desastrosas, especialmente para a população mais vulnerável. Para conter a crise climática, conter as emissões de gases do efeito estufa e evitar catástrofes maiores, Heuser afirmou ser necessário um grande esforço envolvendo a sociedade inteira, o Estado, em uma ação holística. Heuser propõs que haja investimentos massivos que propiciem uma transformação socioecológica – proposta para combinar o desenvolvimento sustentável com justiça social, que inclua na transição justa as pessoas mais vulneráveis, de forma a mitigar desigualdades e degradação ambiental e climática. “Para fazer essa transição justa para uma economia verde e sustentável é fundamental a participação dos bancos públicos e o papel do Estado”, aconselhou.

O secretário-executivo José Manuel Salazar-Xirinachs trouxe um panorama da América Latina e Caribe, aos olhos da CEPAL, e propôs um conjunto de ações que possam subsidiar a transformação do modelo de desenvolvimento na região. Entre os pontos de inflexão, o secretário citou os choques econômicos da crise de 2008 e da pandemia e que chamou de crise multidimensional de desenvolvimento, com mudanças na globalização, reconfiguração das cadeias globais de valor incentivadas por razões geopolíticas, rivalidade por supremacia tecnológica e retorno a objetivos de autosuficiência e segurança nacionais.

Salazar-Xirinachs mencionou que os BRICS já passaram o G7 em produção total e possuem 3,2 bilhões de habitantes, 4,2 vezes a população desses países somadas. Com a China sendo de tamanho econômico comparável aos EUA, a economia mundial não é mais liderada pelo Ocidente, os países médio-grandes são contrapeso econômico ao G7. O representante da CEPAL afirmou a necessidade de se fortalecer o diálogo social, voltado ao futuro, de forma a ampliar os consensos e ampliar investimentos nos setores chave que possam impulsionar as ODS, tais como: reconfiguração geográfica da produção; transição energética; eletromobilidade; economia circular; bioeconomia; complexo da saúde; exportação de serviços modernos e TICs; manufatura avançada; ações de igualdade de gênero e sociedade do cuidado; gestão sustentável da água; turismo sustentável; e governo digital.

Emissões de carbono - No encerramento, Mercadante destacou que o Brasil é o quinto maior emissor mundial de carbono. “Metade dessas emissões tem origem no desmatamento e nas queimadas e 24% vêm do setor agropecuário”, observou. Para o presidente do BNDES, o papel de um banco público “é estar na linha de frente, liderando pelo exemplo, propondo novas políticas que ajudem a reverter esse cenário de urgência que enfrentamos”.

O presidente do BNDES comentou ainda a Medida Provisória 1150/2022, que trata do Programa de Regularização Ambiental (PRA). Aprovada no Congresso, a MP segue para sanção presidencial. “Estou pedindo meu primeiro veto, como presidente do BNDES”, disse. “A redação final manteve os parágrafos 8º, 9 º e 10 º, que claramente afetam o processo de concessão de crédito do BNDES e do setor privado”.

A norma aprovada exige que as instituições financeiras embasem suas decisões de negar concessão de crédito somente em dados ambientais de órgãos oficiais. A metodologia do Banco usa dados do MapBiomas, uma rede colaborativa formada por ONGs, universidades e empresas de tecnologia. “A nossa base de dados é o Inpe, só que a gente utiliza o MapBiomas, que é um recorte que permite a especificidade para analisar aquela propriedade”, ponderou. “Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos como aprovar uma lei dizendo o seguinte: o BNDES não pode negar financiamento para quem tem o nome comprometido no Serasa, porque o Serasa é uma instituição particular”, comparou.

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