Aviso: Utilizamos dados pessoais, cookies e tecnologias semelhantes de acordo com nossos Termos de Uso e Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.

BNDES - Agência de Notícias

Sat Dec 21 14:29:59 CET 2024 Sat Dec 21 14:29:59 CET 2024

Por: Agência BNDES de Notícias

Publicação:18:26 11/10/2019 |SAÚDE |SUDESTE

Ultima atualização: 18:56 11/10/2019

Hugo Caldato/Divulgação USP

Paciente terminal vence o linfoma com tratamento inédito na América Latina

● Estruturado com apoio do BNDES, Centro de Terapia Celular da USP de Ribeirão Preto desenvolveu a terapia CAR-T, que ataca o tumor com células retiradas do próprio paciente

 

O funcionário público aposentado Vamberto Luiz de Castro, de 62 anos, que estava em estado terminal após dois anos de luta contra um linfoma não-hodgkin, conseguiu a cura em apenas um mês de tratamento. O paciente, que mora em Belo Horizonte, terá alta neste sábado. Ele foi o primeiro na América Latina a ser submetido à terapia celular CAR-T, ministrada no Centro de Terapia Celular (CTC) da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto.

O CTC foi estruturado há cerca de 10 anos, com apoio financeiro de aproximadamente R$ 3,6 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em recursos não reembolsáveis do Fundo Tecnológico (BNDES Funtec) do banco de fomento.

Desenganado – Sem resposta a tratamentos convencionais para a doença, Vamberto vinha recebendo o chamado tratamento meramente sintomático. Após cerca de três semanas de terapia celular, os exames começavam a indicar o desaparecimento das células cancerígenas.

“Pode-se dizer que é o milagre da ciência: o paciente, que não tinha perspectiva, havia sido desenganado, recebeu a terapia e entrou em remissão em um mês”, afirmou o coordenador do CTC, médico Dimas Tadeu Covas. “Está livre da doença e esperamos que continue livre”.

 

Paciente terminal vence o linfoma com tratamento inédito na América Latina

Vamberto com os médicos Renato Luiz Guerino Cunha e Diego Villa Clé, do Hospital de Clínicas da USP de Ribeirão Preto

 

Dimas destaca a importância do apoio financeiro à estruturação do CTC. “O BNDES foi importante para fazer o laboratório em condições GMP (good manufactoring practices), porque é um laboratório extremamente complexo de cultura celular”, explicou. “Também tivemos grande contribuição da Fapesp, do CNPq e do Ministério da Saúde. Somos o centro mais avançado na área no País”.

Para o chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços da Saúde do BNDES, João Paulo Pieroni, o financiamento à pesquisa traz ganhos científicos, econômicos e sociais ao País. “O apoio do BNDES à estruturação do CTC da USP/RP, em conjunto com outros três centros tecnológicos que integram a Rede Nacional de Terapia Celular, permitiram ao Brasil ter uma pesquisa relevante com células-tronco, com potencial de incorporação dos novos tratamentos no SUS”, ressaltou.

O tratamento desenvolvido no CTC é uma imunoterapia celular. Células de defesa retiradas do paciente são modificadas em laboratório para responder a um antígeno específico e atacar o tumor, multiplicadas e reinjetadas no paciente, onde começam a se reproduzir e combater as células cancerígenas.

Esse tipo de terapia existe em poucos países, como Reino Unido, onde deve ser introduzida no sistema de saúde pública, na Austrália e na China, que já tem um grande número de pacientes tratados. Em 2018, ela virou produto nos EUA, registrada pela Novartis. Lá, a produção da célula para infusão custa US$ 450 mil. Somados aos custos de internação e tratamento das complicações, estima-se que um tratamento como esse chegue à casa de US$ 1 milhão naquele país, onde o sistema de saúde é privado.

“Aqui no Brasil, pela primeira vez desenvolvemos essa técnica”, ressaltou o médico. “Não temos filiação a nenhuma dessas companhias, nosso processo é desenvolvido localmente, não devemos royalties nem propriedade intelectual a ninguém. O caso é o primeiro de outros que estão em andamento, apresentando absoluto sucesso da terapia”.