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Por: Agência BNDES de Notícias
Publicação:20:37 05/11/2023 |MEIO AMBIENTE |NORTE
Ultima atualização: 17:55 09/11/2023
O Fundo Amazônia, administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vai destinar R$ 33,6 milhões para projeto de conservação ambiental liderado pela Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ) no Acre. A iniciativa visa combater o desmatamento no Estado, na fronteira com o Peru, por meio da atuação em rede e de forma coordenada em treze Terras Indígenas da região, beneficiando onze mil pessoas.
A expectativa é de que o apoio traga um avanço significativo na proteção dos territórios indígenas e no combate às mudanças climáticas na região. Assinado, neste sábado, 4, na Terra Indígena Poyanawa, no município de Mâncio Lima, o contrato dará escala regional a estratégias bem-sucedidas desenvolvidas no Projeto Alto Juruá, como o primeiro financiamento do Fundo contratado diretamente com uma organização indígena, a Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa), em 2015.
Tereza Campello, diretora Socioambiental do BNDES, ressaltou que o projeto é estratégico porque possibilita que a atuação do Fundo ganhe escala a partir do fortalecimento da experiência acumulada dos povos indígenas. “O protagonismo das comunidades indígenas na elaboração e execução de projetos é fator a ser valorizado e replicado nesta nova etapa do Fundo Amazônia", disse.
Já a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, lembrou que o Fundo Amazônia foi criado para ajudar a proteger as populações tradicionais e os povos indígenas, proteger a floresta, gerar emprego e renda, e melhorar a vida das pessoas. “Estamos aqui recuperando o tempo perdido de quatro anos em que o Fundo ficou parado”, afirmou.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, destacou que a iniciativa vai fortalecer os povos dentro das suas comunidades. “Este o nosso objetivo também: garantir a proteção dos territórios indígenas, a segurança dos povos indígenas dentro dos territórios, a gestão dos territórios, e, antes de tudo, avançar na demarcação dos territórios indígenas”, avaliou
Para a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, a existência de um novo projeto no Acre significa um avanço importante. “O apoio do Fundo Amazônia representa justamente aquilo de que os povos indígenas estão precisando: proposições concretizadas. Este projeto, que é uma iniciativa indígena, permite que nossos povos tenham sua terra protegida por meio de uma gestão territorial fortalecida e sustentável", afirmou.
Ações do projeto - O primeiro eixo do projeto é voltado ao fortalecimento institucional. Nele, estão previstos a reforma da sede da OPIRJ, em Cruzeiro do Sul (AC), a melhora da conectividade digital entre todos os povos envolvidos e o apoio a reuniões estratégicas e de governança entre os indígenas.
Na gestão territorial e ambiental, serão realizadas ações como implementação de espaços multiuso nas Terras Indígenas para a execução do projeto; construção de casas de vigilância; compra de barcos, combustível e equipamentos para realização de expedições; promoção de encontros transfronteiriços com indígenas do Peru e atualização dos planos de manejo e de gestão ambiental dos territórios.
No terceiro eixo, serão apoiadas atividades produtivas sustentáveis para segurança alimentar e sustentabilidade dos modos de vida tradicionais. O objetivo é garantir condições para a permanência dos indígenas em suas terras, com a piscicultura e a construção de viveiros para mudas e pequenos animais.
A valorização da cultura e das tradições indígenas é objeto do quarto eixo do projeto, o que inclui construção de casas de passagem para intercâmbios culturais entre os povos da região; oficinas de produção de videodocumentários; organização de acervos culturais, com a formação de produtores culturais indígenas; oficinas de arte e artesanato e realização do Festival Anual dos Povos da Floresta.