Floresta Viva: BNDES avança na certificação de créditos de carbono em projetos envolvendo manguezais

Ouça o áudio-release desta notícia aqui:

(Participação: Tereza Campello - diretora Socioambiental do BNDES)

  • Funbio receberá propostas até 12 de dezembro; consultoria selecionada terá até um ano para estruturar o modelo de certificação
  • Iniciativa reduz custos e integra iniciativas comunitárias de restauração, tornando a certificação e a venda de créditos de carbono mais acessíveis
  • Edital Manguezais do Brasil, em parceria com a Petrobras, pode integrar iniciativas comunitárias em um projeto único de carbono azul 

O Floresta Viva, iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltada para apoiar projetos de restauração ecológica, está dando um novo passo para viabilizar a certificação de créditos de carbono para projetos de menor porte. Em evento realizado durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), nesta quarta-feira, 19, foi lançado um termo de referência para seleção e contratação de uma consultoria especializada responsável por conduzir etapas necessárias à certificação de projeto de carbono agrupado no âmbito do edital Manguezais do Brasil, iniciativa conjunta do Banco e da Petrobras, lançada em 2022, para apoiar projetos de restauração ecológica de manguezais e restingas em todo o litoral brasileiro.

Propostas serão recebidas até às 23h59 do dia 12 de dezembro pelo site do Funbio, parceiro gestor do Floresta Viva. Elas serão avaliadas e classificadas segundo critérios técnicos e financeiros. O contrato terá o prazo total de 365 dias.

O edital Manguezais do Brasil selecionou oito projetos, somando um apoio total de R$ 53,3 milhões. Eles contribuem para a captura do carbono azul (blue carbon, na sigla em inglês), que se refere ao carbono capturado e armazenado em ecossistemas marinhos e costeiros, incluindo os manguezais.

Tereza Campello e Marcus Santiago conduzem anúncios do Floresta Viva

Foto: Rafael Alves / BNDES

A certificação de projeto de carbono agrupado é usada para englobar múltiplos projetos. É indicada, por exemplo, para contemplar diversas ações de restauração florestal que mobilizam extrativistas e pequenos produtores rurais. Combinados em um único projeto maior, a certificação e comercialização dos créditos de carbono, que geralmente é cara e complexa, fica mais viável e rentável.

"A gente tem esperança de que o recurso a ser gerado com esse crédito de carbono garanta a permanência dessa restauração de manguezais, desde o Maranhão até São Paulo, por 30 anos", disse Marcus Cardoso Santiago, chefe do Departamento de Meio Ambiente do BNDES.

A consultoria especializada deverá inicialmente estruturar e criar o documento de design do projeto (PDD). Ele deverá descrever escopo e objetivos e servir de roteiro para a condução de todo o processo. Além disso, caberá à consultoria criar publicações e materiais de referência para fomento e aprimoramento a projetos de blue carbon comunitários, baseado nas ações de restauração ecológica no âmbito do edital Manguezais do Brasil.

Manguezais são berçários para diversas espécies

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Mercado de Carbono - Através do mercado de carbono, organizações que desenvolvem medidas para reduzir os estoques de gases na atmosfera - principalmente através de ações de preservação e de restauração florestal - acumulam créditos que podem ser vendidos às empresas que desejam compensar suas emissões. Cada crédito corresponde à neutralização de uma tonelada de gás carbônico (CO2).

Sediada em Belém, a COP30 se encerra na sexta feira, 21. Desde o início da programação no dia 10 de novembro, diversos anúncios foram realizados no Pavilhão BNDES. Um deles foi a criação da Ecora, uma certificadora brasileira de créditos de carbono. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o BNDES, o Bradesco e o Fundo Ecogreen. O papel de advisor técnico cabe à Aecom, umas das maiores consultorias globais em engenharia, infraestrutura, meio ambiente e sustentabilidade.

A criação de uma certificadora brasileira representa um movimento estratégico para impulsionar a economia de baixo carbono no país. Sua atuação alinhada às políticas de descarbonização também contribuirá para fortalecer a infraestrutura climática do Brasil.

Mangue na Baía de Guanabara

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Floresta Viva - O Floresta Viva surgiu com o objetivo de firmar parcerias para apoiar projetos de restauração ecológica nos diversos biomas brasileiros, com espécies nativas e sistemas agroflorestais (SAFs). Até o momento, já foram mobilizados cerca de R$ 470 milhões, sendo metade dos recursos provenientes do Fundo Socioambiental do BNDES. O restante envolve doações de parceiros públicos e privados e do Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW - Kreditanstalt für Wiederaufbau).

Selecionado por meio de uma chamada pública, o Funbio atua como parceiro gestor da primeira fase do Floresta Viva. Dos 15 editais já publicados desde 2021, três deles - Pantanal, Águas do Parnaíba e Águas do Beberibe - estão sendo lançados durante a COP30. Os outros doze são: Manguezais do Brasil, Amazonas, Bacia do Rio Xingu, Corredores de Biodiversidade, Conectando Paisagens, Sudeste do Paraná, Caatinga Viva, Florestas do Rio, Conectando Paisagens 2, Bacia do Rio Xingu 2, Florestas do Rio 2 e Terras Indígenas.

Tereza Campello destaca importância da agenda de restauração florestal

Foto: Rafael Alves / BNDES

"À medida que a gente restaura, a gente gera empregos alternativos aos empregos predatórios que são muitas vezes oferecidos. A população residente que não quer colaborar com a destruição da floresta, mas muitas vezes fica sem alternativa. Portanto, nós estamos construindo alternativas sustentáveis dentro do território", avalia a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello.

O Floresta Viva rendeu ao BNDES o Prêmio Alide 2024, reconhecimento internacional concedido pela Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (Alide). O programa foi considerado inovador pelo modelo, com parceiro gestor operacional, que dá velocidade e escala aos resultados, ao mesmo tempo que agrega vários atores diferentes, com empresas privadas e públicas, multinacional, governos e um banco público de desenvolvimento.

Floresta Viva 2025 - Diante do sucesso, o BNDES lançou recentemente o Floresta Viva 2025, com foco no Cerrado, Caatinga, Pantanal, Pampa e Mata Atlântica. A segunda fase da iniciativa conta com um aporte inicial de R$ 100 milhões do Fundo Socioambiental do BNDES. A expectativa é alcançar R$ 250 milhões com a adesão de instituições parceiras.

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

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