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P&G: perspectivas para embarcações de apoio marítimo

O mercado de embarcações de apoio marítimo no Brasil é bastante dinâmico. Isso porque, além de o país estar entre os dez maiores produtores mundiais de petróleo e gás natural (P&G), podendo chegar à quinta posição no médio prazo segundo estimativas do Plano Decenal de Expansão de Energia 2029, a produção se dá, predominantemente, em águas profundas.

 

O dinamismo desse setor depende de pelo menos três aspectos principais: nível de preços do petróleo, ritmo de rodadas de licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e interesse dos investidores em arrematar blocos exploratórios em mar no Brasil.

 

A atividade de navegação de apoio à produção de P&G

 

No Brasil, a navegação de apoio à exploração e produção (E&P) offshore ganhou impulso principalmente a partir da década de 1970, com o início da produção no campo de Garoupa, na bacia de Campos, pela Petrobras. Nesse contexto, cresceu gradualmente a demanda por um conjunto de embarcações especializadas e de multi-propósito, voltadas para apoiar as plataformas em atividades como transporte de suprimentos, construção de linhas submarinas, reboque, manuseio de âncora, recuperação de derramamento de óleo e combate a incêndios, entre outras. Destacam-se as embarcações do tipo AHTS (anchor handling, tug and supply), PSV (platform supply vessel), PLSV (pipe laying support vessel), MPSV (multi-purpose support vessel) e OSRV (oil spill recovery vessel).

 

No período de 2000 a 2014, ocorreu uma fase de expansão mais acelerada da frota de embarcações de apoio marítimo, marcada por crescentes investimentos em E&P e amparada por marco regulatório e condições de financiamento adequados.  Esse crescimento teve o Fundo da Marinha Mercante (FMM) como fonte majoritária de financiamento, sendo o BNDES seu principal agente financeiro. Nesse momento, em que o preço do petróleo apresentou gradual e consistente alta, à exceção de breve retração ligada à crise mundial de 2008, o país registrou o crescimento da frota de um total de 139 navios de apoio em operação, no ano 2000, para um pico de quinhentas embarcações, em 2014.

 

Desde então, essa tendência se inverteu e a quantidade de embarcações em operação, no fim de 2019, foi reduzida para 365. A diminuição da frota teve como principais fatores a queda do preço do petróleo e a suspensão das rodadas de licitação de blocos exploratórios, que levou à maior racionalização na contratação dos serviços de afretamento.

 

Buscando reduzir custos, as petroleiras passaram a utilizar embarcações de uso múltiplo – que podem compartilhar serviços - e adotaram diversas ações em relação aos armadores de apoio marítimo, como:

  • negociar descontos nas taxas diárias de afretamento de contratos vigentes;
  • adequar prazo de entrega de navios já contratados, mas ainda em construção;
  • rescindir contratos em que as contratadas infringissem alguma cláusula, como prazo de entrega das embarcações;
  • não renovar automaticamente contratos ao fim de sua vigência ou renová-los com deságio;
  • celebrar novos contratos com prazos mais curtos – de um a dois anos.

 

Panorama atual e perspectivas para o setor de apoio marítimo no Brasil

 

Diante de um cenário adverso desde 2014, com muitas embarcações descontratadas, as empresas do setor de apoio marítimo também procuraram reduzir custos operacionais, principalmente com tripulação, e renegociar contratos e acordos com fornecedores e credores, de forma a atenuar o impacto na geração de caixa. Uma amostra dos principais clientes do BNDES mostra que, apesar de sinais de recuperação do setor de P&G nos últimos anos da década de 2010, algumas empresas de embarcações de apoio ainda se encontravam em situação econômico-financeira não confortável. Com baixa capacidade de investimento e grande número de embarcações encostadas (em lay-up), é muito pouco provável que essas companhias façam investimentos em construção de novas embarcações no curto-médio prazo.

 

Buscando avaliar as perspectivas do setor, com base no contexto de ligeira recuperação do mercado anterior à pandemia, os autores do artigo Mercado de embarcações de apoio a plataformas de petróleo e gás natural, publicado no BNDES Setorial 51, apresentam dois cenários para a atividade de apoio marítimo nos próximos anos, em sintonia com o Plano Decenal da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O primeiro cenário assume uma postura mais conservadora dos operadores de sondas e plataformas de produção, a fim de racionalizar seus custos de contratação de serviços. O segundo considera maior nível de segurança e de redundância das operações, ou seja, maior quantidade de embarcações de apoio por plataforma.

 

Como mostra o gráfico a seguir, no cenário mais conservador há demanda adicional de cinquenta embarcações em quatro anos, o que não seria suficiente para eliminar toda a ociosidade das embarcações de bandeira brasileira. Por outro lado, no cenário que admite maior redundância na operação, seriam necessárias 88 embarcações adicionais. Nesse caso, todas as embarcações com bandeira brasileira seriam contratadas nesse período, além de haver necessidade de se recorrer ao mercado internacional ou à construção de novas embarcações. Essa demanda por embarcações deverá ser deslocada por algum tempo devido aos atrasos em licitações que vêm sendo provocados pela pandemia.

 

Projeções do número adicional de navios de apoio para atender às expectativas da demanda entre 2020 e 2023

 grafico_emb_bs51

  Fonte: BNDES

 

Para além dessas projeções, os autores concluem que no longo prazo o Brasil deverá galgar posições no ranking dos produtores de P&G, consolidando-se como um dos maiores produtores offshore no mundo, e que o setor continuará sendo responsável por parcela significativa (mais de 10%) da formação bruta de capital fixo (FCBF) do país, gerando riqueza e empregos para a economia brasileira.

 

Leia o artigo completo

 

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