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BNDES - Agência de Notícias

Wed Apr 24 19:10:53 CEST 2024 Wed Apr 24 19:10:53 CEST 2024

Blog do Desenvolvimento

Como o investimento em infraestrutura pode ajudar na retomada da economia?

 

Os desafios para alavancar os investimentos em infraestrutura, superando as dificuldades impostas pela pandemia e contribuindo para retomada econômica após a crise, foram tema de webinar promovido pelo BNDES e pelo Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), transmitido pelo YouTube nesta segunda-feira (16). O encontro contou com a participação de representantes do governo, do BNDES e de instituições multilaterais de desenvolvimento - Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Cooperação Andina de Fomento (CAF), New Development Bank (NDB) e Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).

  

 

A importância das reformas e a continuidade dos processos de desestatização

 

O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, abriu o encontro virtual explicando que o governo vinha trabalhando, até o início do ano, na continuidade da agenda de reformas, mantendo o foco na melhoria do gasto público e no estímulo ao investimento privado. Com a pandemia, os esforços se voltaram para as medidas emergenciais de combate à crise, mas a necessidade das reformas persiste e ainda é preciso lidar com entraves à economia.

 

As reuniões do PPI e a análise dos projetos de desestatização não foram interrompidas, para que após a crise os processos possam ser retomados, confirmou a secretária especial Martha Seillier, que mediou o encontro virtual.

 

Segundo o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, a estratégia da instituição de atuar como banco de serviços ganhou ainda mais urgência após a crise do coronavírus, que evidenciou as carências do país em áreas como saneamento, energia e saúde. Ele lembrou que as medidas de proteção social necessárias para lidar com a pandemia também reduzem o espaço fiscal para investimentos de governos e reforçam a importância de mobilizar investidores privados.

 

“O grande desafio do Banco nisso é colaboração, parceria, trabalhar junto a outros bancos brasileiros, multilaterais e globais, que queiram participar desses projetos”, complementou Montezano. 

  

Ele esclareceu que essa colaboração pode se dar no co-financiamento de projetos, na troca de experiências e conhecimentos, e também na modelagem e estruturação de projetos.

 

O impacto econômico da pandemia sobre o setor de infraestrutura

 

De acordo com Franz Drees-Gross, diretor regional de infraestrutura para América Latina e Caribe do Banco Mundial, o setor de infraestrutura tanto sofre o impacto da crise do Covid-19 quanto pode contribuir para retomada econômica pós-pandemia. Segmentos como o de transportes públicos, que teve queda expressiva no fluxo de passageiros, e de energia elétrica, que sofreu o impacto da redução no consumo industrial e comercial, precisarão de linhas de crédito que garantam liquidez para recuperação.

 

Drees-Gross destacou, contudo, que esse apoio deve ser vinculado ao cumprimento de metas de curto, médio e longo prazo. O investimento em tecnologias mais sustentáveis e a geração de empregos estariam entre os resultados esperados. Dados apresentados por ele indicam que o investimento em infraestrutura gera grande quantidade de empregos. Em projetos de manutenção rodoviária, por exemplo, um investimento de US$ 1 bilhão é capaz de criar entre 250 mil e 500 mil postos de trabalho.

 

Diante dessa queda na demanda provocada pela pandemia, o representante do BID no Brasil, Morgan Doyle, chamou a atenção para a necessidade de reequilíbrio financeiro dos projetos.

 

“Se era necessário aumentar o investimento antes, pela necessidade aumentar a produtividade geral da economia, agora precisamos ainda mais de inovação, qualidade e eficiência nos projetos, além de pensar uma maneira de distribuir risco nas operações”, afirmou Doyle. 

 

O BID, segundo ele, vem trabalhando em parceria com o governo e também com o BNDES para assegurar a viabilidade das concessões, ajudando a estabelecer critérios técnicos para orientar os processos, capacitando equipes e buscando atrair investidores.

 

Na visão da representante do NDB, Claudia Prates, a pandemia tornou o cenário internacional mais complexo, e o Brasil passará a competir com países com estabilidade muito maior na atração de investimentos. Nesse contexto, ela ponderou que pode ser necessário adiar as privatizações e que é preciso voltar a discutir o investimento público, aprovando reformas que permitam a atuação de estados e municípios.   Os bancos multilaterais podem atuar nesse cenário para garantir financiamento de longo prazo que permita o investimento privado no curto prazo.

 

Perspectivas para a infraestrutura no pós-pandemia

 

Além de manter a ênfase na atividade de estruturação de projetos, o diretor de infraestrutura, concessões e PPPs do BNDES, Fábio Abrahão afirmou que o Banco tem atuado de forma intensa na originação.

 

“Ajudar a encontrar o ativo, fazer a costura de soluções de contorno, identificar o que é preciso para atrair o capital privado. Vemos que o país tem instituições capazes de estruturar, mas antes disso tem a originação”, disse Abrahão.

 

Ele afirmou também que o Banco pretende ampliar sua atuação em garantias, principalmente para atender a projetos de infraestrutura de grande porte. Outra iniciativa em elaboração, em parceria com o PPI, é o lançamento de uma plataforma que traga informações sobre os projetos de desestatização, promovendo o matchmaking com os investidores.

 

A CAF, que atua com foco na América Latina, de acordo com seu representante no Brasil, Jaime Holguín, tem trabalhado para compartilhar conhecimentos e boas práticas, ajudando na elaboração de estudos setoriais em diferentes países. Holguín citou como exemplos a produção de um guia logístico para o norte da Argentina e a realização de estudo sobre o setor ferroviário no Brasil. Ele informou ainda que a instituição aprovou recentemente um fundo para investimentos em infraestrutura de integração na América Latina e também para infraestrutura digital.

 

No caso do Fonplata, que reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, a atuação no setor está concentrada principalmente em projetos intensivos em mão de obra, segundo Luciana Botafogo, gerente geral para projetos na América Latina. Ela mencionou como exemplos projetos de pavimentação de estradas e de implementação de rede secundária de saneamento, que mobilizam muitos trabalhadores e geram empregos locais.

 

O investimento em infraestrutura sustentável e também a emissão de títulos verdes (green bonds) também foram apontados por diversos representantes dos bancos multilaterais como um caminho para ajudar o setor e os países a superar a crise do Covid-19.

 

“Há estudos mostrando que nesse momento fazer infraestrutura verde tem multiplicadores econômicos muito melhores a longo prazo”, destacou Drees-Gross (Banco Mundial).

 

Apesar do mercado de títulos verdes ainda ser incipiente no Brasil, Claudia Prates (NDB) afirmou que esse é um dos focos da instituição e que vê espaço para disseminar essa experiência no país. A infraestrutura urbana, segundo ela, é outro segmento muito importante para a sustentabilidade e há bons projetos que podem ser replicados em âmbito municipal.

  

Assista ao vídeo completo do webinar

 

 

 

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