Investimentos do BNDES para a produção de alimentos saudáveis da cesta básica cresce 41,5%

  • Banco destinou R$ 13,4 bilhões  para a agricultura familiar, com taxas reduzidas, no Plano Safra 2025/2026

Os investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o crédito rural estão em amplo crescimento. Foram disponibilizados R$ 70 bilhões para o Plano Safra 2025/2026. São R$ 39,7 bilhões em programas equalizados pelo Governo Federal, um aumento de 19% em relação ao anterior, e R$ 30,3 bilhões em recursos próprios do BNDES.

Dos R$ 12 bilhões aprovados até o momento, cerca de R$ 4,6  bilhões foram destinados à agricultura familiar. Para o Plano Safra 2025/2026, foram destinados R$  13,4 bilhões para o segmento.

“A agricultura familiar é a maior responsável pela produção da comida de qualidade que chega na mesa da população. O aumento do crédito do BNDES à produção de alimentos saudáveis da cesta básica é resultado de uma política pública do governo Lula que tem como foco fortalecer o trabalho no campo”, afirma o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Ao longo do Plano Safra anterior, 2024/2025, foram aplicados R$ 5,1 bilhões, com taxas de juros reduzidos, para incentivar a produção de alimentos saudáveis da cesta básica. Alta de 41,5% de aplicações.

“Uma política pública bem orientada reflete em bons resultados”, avaliou a diretora de Crédito Digital e Gestão do Fundo do Rio Doce do BNDES, Maria Fernanda Ramos Coelho, durante debate no 2° Encontro Nacional do Cooperativismo — Coopera Mais Brasil. Ela participou do painel "Crédito e Cooperativismo: Estratégias de Financiamento da Produção de Alimentos Saudáveis”.

O evento realizado nesta terça-feira, 9, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) contou com a participação de representantes do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste (BNB), do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e das cooperativas Cresol, Sicredi e Sicoob.

 

Diretora do BNDES, Maria Fernanda Coelho

Foto: Kayo Magalhães/BNDES

Investimento para quem mais precisa – Instituído por meio do Decreto Presidencial 12.088/2024, o programa Coopera Mais Brasil tem como objetivo principal fomentar as organizações dos agricultores familiares por meio do fortalecimento das cooperativas, associações e empreendimentos solidários. A iniciativa conta com o apoio do BNDES.

“Ter um programa que clarifica as relações entre o governo federal e as instituições financeiras nos torna possível avançar”, avaliou Maria Fernanda. A diretora do BNDES destaca que, na Safra 2022/2023, foram destinados R$ 19,8 bilhões para os programas equalizados. O avanço nítido dos valores ciclo a ciclo possibilitou que o Banco se consolidasse como parceiro estratégico do governo para execução da política agrícola. Segundo Maria Fernanda, houve crescimento de 135% na agricultura familiar e 87% na empresarial, considerando oPlano Safra mais recente do 3° mandato do governo Lula.

Os investimentos executados pelo BNDES chegam aos produtores por meio de parceiros financeiros, entre eles Bradesco, Banco do Brasil, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Itaú, John Deere e New Holland, bem como as cooperativas de crédito Cresol, Sicredi e Sicoob.

O secretário de Agricultura Familiar e Agroecologia do MDA, Vanderley Ziger, reforçou a relevância das estratégias de ampliação de financiamentos para ampliar a produção de alimentos, em especial nas regiões Norte e Nordeste. Para ele, o trabalho do BNDES tem sido fundamental no desenvolvimento de políticas públicas e na expansão do crédito para a agricultura familiar do país.

“O Banco tem fortalecido cada vez mais a expansão do credenciamento de agentes financeiros, ampliado as ações do Pronaf e feito com que os recursos possam chegar nas cooperativas e em seus cooperados”, afirmou Ziger. Segundo ele, a expectativa é avançar no Pronaf em algumas regiões do país aonde ainda não chegou. “Nós temos desafios enormes e o Banco é fundamental no sentido de ampliar os agentes financeiros”, ponderou.

Entre as ações com atenção especial ao Nordeste, o BNDES conta com R$ 100 milhões destinados ao projeto Sertão + Produtivo, que viabiliza a produção de alimentos saudáveis por cooperativas locais. São dez projetos, que recebem até R$ 10 milhões cada. Todos os estados da região foram contemplados.

Mais resultado, mais compromisso - Representante da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) e presidente da Cooperativa dos Produtores Familiares de Paiçandu (Coprofap) do Paraná, a agricultora Elizabete Borges subiu ao palco e contou um pouco da trajetória da Coprofap até a aprovação do crédito. A cooperativa obteve R$ 700 mil em financiamento por meio de financiamento do BRDE, em contrato vinculado ao Pronaf em fevereiro de 2023.

“Quando o Banco de fato enxerga o produtor com humanidade, a coisa acontece. E isso faz muita diferença para nossos produtores e para a agricultura familiar”, avaliou Elizabete. Para ela, é a materialização do ideal de cooperativismo visto como o negócio do futuro. “Faz a total diferença, hoje, para as nossas famílias e para os nossos produtores”, concluiu. A destinação dividida entre capital de giro e financiamento ajudou os produtores cooperados a se reorganizar. Como consequência, cooperados ficaram ainda mais comprometidos com a cooperativa.

“Nossos editais aumentaram, nossa demanda foi maior”, revelou Elizabete. O interesse entre produtores também cresceu, ao ponto de a cooperativa precisar selecionar os participantes das próximas edições. “Demonstra que eles entenderam o comprometimento com a cooperativa”. Segundo Elizabete, o próximo passo é expandir os negócios para o mercado externo.

A gerente operacional adjunta do BRDE, Carmem Truite, destaca a importância da capacitação, gestão e organização das cooperativas para buscar oportunidades. “Para quem é o benefício? É para o cooperado. Cadê o cooperado? Chamem o cooperado”, orientou. “Nós temos que trabalhar no coletivo, na cooperação. Uma cooperativa só tem sentido e só tem resultado na hora que todo mundo fizer sua parte”, ponderou.

A preocupação de Carmem é com relação à manutenção e proteção financeira das cooperativas. A exemplo de dificuldades vividas, como foi na época da pandemia da covid-19, a especialista destacou a importância de diversificar investimentos. A percepção é compartilhada pela secretária de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar, Ana Terra Reis. Ela destacou a importância dos investimentos do BNDES no setor, algo que já era buscado há bastante tempo.

“É um parceiro fundamental. Colocar a agricultura familiar na pauta do BNDES é algo que a gente vem batalhando muito nesse governo do presidente Lula. Contar com essa parceria para fortalecer as cooperativas é ter a certeza de que a gente contribui para a produção de alimentos saudáveis, para geração de emprego e renda no campo e para fazer nosso país mais justo e soberano", declarou Ana Terra.

Foto: Kayo Magalhães/BNDES

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